A vacina bivalente é significativamente mais eficaz em evitar as internações e mortes por covid-19 em relação aos imunizantes originais. A conclusão está em dois estudos preliminares feitos nos Estados Unidos e na Escandinávia e publicados recentemente.
A eficácia do produto mais recente quando usado como segunda dose chega a 80%, ante 65% da inicial. O novo imunizante da Pfizer começou a ser oferecido nesta segunda-feira no País, marcando o início de uma nova etapa da imunização.
As vacinas chamadas de bivalentes induzem a produção de anticorpos contra a cepa original do vírus SarsCov-2 e também contra as novas variantes que surgiram ao longo da pandemia e hoje são predominantes. Por isso, segundo especialistas, são as mais eficientes dentre as disponíveis atualmente. O estudo americano, publicado na New England Journal of Medicine, foi feito com a vacina bivalente da Pfizer e a da Moderna em comparação aos imunizantes originais. O trabalho mostra que, quando usada como dose de reforço, a bivalente previne internações e mortes em 61,8% em relação à vacina original (24 9%).
O trabalho dos pesquisadores escandinavos (ainda sem revisão dos pares) mostra resultados ainda melhores. A dose de reforço da bivalente foi eficaz em 80% dos casos (de quadros graves e óbito), ante 65% do imunizante original. O extenso uso das vacinas bivalentes da Pfizer e da Moderna nos Estados Unidos e na Europa nos últimos meses mostra uma redução no número de hospitalizações e mortes, segundo as agências de diferentes países.
Conforme o vírus causador da covid-19 se espalhou pelo mundo, ele evoluiu, tornando-se mais facilmente transmissível e também mais eficiente em driblar a imunidade gerada pelo imunizante original. As novas vacinas foram desenvolvidas para fazer frente a essa realidade. Por isso, têm como alvo tanto a cepa original quanto as variantes. A vacina da Pfizer é voltada especificamente à neutralização da variante Ômicron, que é predominante hoje no mundo.
O Ministério da Saúde estima que 54 milhões de brasileiros sejam elegíveis a receber a nova vacina. A oferta ocorrerá em cinco fases, começando pelos mais vulneráveis: pessoas acima de 70 anos, pacientes imunossuprimidos a partir dos 12 anos, pessoas vivendo em instituições de longa permanência e comunidades indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Renato Kfouri explicou que, para ser licenciada, a nova vacina demonstrou em testes em laboratório que a proteção oferecida pela bivalente é maior. “Os estudos clínicos ainda estão em fase inicial, mas tudo indica que há mesmo uma eficácia superior da bivalente”, afirmou. “Mesmo faltando ainda dados mais robustos e precisos de estudos clínicos, esta é a vacina hoje recomendada, sobretudo para pessoas em grupos de risco.”
Por enquanto só as vacinas feitas a partir do RNA mensageiro têm essa formulação bivalente. A vacina que está sendo aplicada no Brasil oferece proteção para a cepa original, Wuhan (nome do local onde surgiu a pandemia, na China) e para a variante Ômicron.