O mercado de planos de saúde deve alcançar até o fim deste ano um número recorde de usuários. Serão 51,5 milhões de pessoas com convênios médicos no país. Em 2014, patamar histórico do setor, o número chegou a 50,5 milhões de clientes. Apesar da alta, o ano deve ser de aperto para todo o setor de saúde. No acumulado dos nove meses de 2022, as operadoras de convênios médicos tiveram prejuízo líquido de R$ 3,4 bilhões.
Renato Casarotti, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abrange), acredita que as operadoras só voltarão a ser rentáveis em 2024. “Neste ano, esperamos que haja uma estabilização da queda, uma vez que o reajuste de 2022 foi positivo, e não negativo como em 2021”.
Um dos motivos para o baixo desempenho do setor, mesmo diante crescimento de consumidores, é o tíquete menor dos produtos adquiridos mais recentemente, que não têm compensando os elevados custos médicos.
Conforme as projeções de Citi e BTG, neste ano, o reajuste dos planos individuais, que serve de referência para as demais modalidades, deve ficar em torno de 10%. O Citi questiona se o percentual será suficiente para cobrir os gastos de 2022.
“As operadoras de planos de saúde estão sob pressão. Para lidar com a situação, estão aumentando as glosas, alongando os prazos de pagamento e ajustando os preços abaixo da inflação. As medidas afetam a receita, as margens e o ciclo de conversão de caixa dos prestadores de serviço”, diz relatório da XP.
Diante desse cenário, analistas que acompanham o setor reduziram as expectativas de crescimento para praticamente todas as companhias de saúde listadas na B3. O preço-alvo projetado para este ano de 10 das 11 companhias ligadas a planos de saúde, hospitais e medicina diagnóstica sofreu redução. A exceção foi a OdontoPrev, que atua num segmento de baixa sinistralidade.