Médicos, gestores de hospitais, operadoras, prestadores de serviços de assistência à saúde e investidores da área têm uma obra de referência para se familiarizarem com os preceitos da governança corporativa: lançado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o livro "Governança corporativa em saúde - conceitos, estruturas e modelos" (Saint Paul Editora) é constituído de 17 artigos assinados pelas maiores autoridades do setor e foi coordenado pelo superintendente corporativo do Hospital Samaritano São Paulo, Luiz de Lucca, atualmente à frente da Comissão de Saúde do IBGC.
Ao longo de 267 páginas, os 25 autores que assinam a obra tratam de fazer uma radiografia do setor de saúde privada no Brasil, apontando desafios da governança e apresentando algumas soluções encontradas por companhias de capital aberto ou não, empresas familiares e organizações filantrópicas.
Segundo de Lucca, a obra tem como objetivo "mostrar a factibilidade da boa governança no setor da Saúde" - gargalo para onde se escoaram em 2013 gastos equivalentes a 8,9% do PIB -, um processo "ainda embrionário no Brasil, mas que vem encontrando muita receptividade".
De fato, no livro, tudo aponta para a premente necessidade de se implantar modelos de gestão institucionalizada no setor - entenda-se, conselhos de administração, comitês de ética, liderança compartilhada e indicadores de desempenho abertos ao público, entre outros mecanismos -, a exemplo do que já fazem grandes empresas como o Hospital Sírio-Libanês ou o Albert Einstein.
A adesão a formas de gestão mais transparentes, visando tornar os processos de decisão entre stakeholders disponíveis para todos, se torna ainda mais "dramática" no setor da Saúde na medida em que "na ponta dos processos, existem vidas em jogo e recursos para garantir cuidados, o que, liminarmente, afasta qualquer tipo de prática que lembre antigos padrões calcados em processos abusivos", escreve de Lucca.
Mais do que minimizar despesas, as empresas da área de saúde "devem medir e relatar custos", diz Paulo Marcos Senra Souza, também integrante da Comissão de Saúde do IBGC. Gerir o negócio de maneira mais transparente, tomar decisões que levem em conta o benefício da sociedade e do meio ambiente, apresentar estruturas decisórias com papéis definidos e interligados, como conselho de administração com membros independentes, diretoria autônoma e auditoria externa, são iniciativas à disposição das empresas que optam por uma boa governança, enfatiza Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados).
O livro apresenta alguns modelos práticos adotados no meio, a começar pelo do Hospital Sírio-Libanês, que começou a ser construído em 2004. Segundo o superintendente de Estratégia Corporativa Paulo Chap Chap, são inovadoras no HSL "a governança clínica e a assistência centrada no paciente, que buscam o protagonismo dele e demandam informações objetivas e comunicação clara entre todos os profissionais envolvidos".
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