Pela primeira vez, a reunião anual da Comunidade Global de Tecnologia Sustentável e Inovação (G-Stic, na sigla em inglês) ocorrerá nas Américas, de 13 a 15 de fevereiro, mais precisamente no Rio de Janeiro. Coorganizado pela Fiocruz, o evento terá como tema Por um futuro equitativo e sustentável: soluções tecnológicas inovadoras para uma melhor recuperação pós-pandemia, reunindo os principais nomes em ciência, tecnologia e inovação.
Considerada a maior conferência global de Ciência, Tecnologia e Inovação para aceleração da Agenda 2030 (que trata da implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, os ODS), a G-Stic acontecia na Bélgica desde seu início, em 2017. Para aumentar a sua capilaridade, passou a ser realizada em outros países, acontecendo em 2022 durante a Expo Dubai. A Fiocruz, que participa como coanfitriã desde 2018, sugeriu então que a edição de 2023 ocorresse no Brasil, o que foi bem aceito.
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“Esta G-Stic ocorre num momento crucial”, explica Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030). “No campo global, vem num momento de agravamento da crise planetária, com as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, a poluição e a necessidade de reconstruir o mundo pós-pandemia de Covid-19. No caso brasileiro, acontece num momento de reconstituição dos compromissos do país com a Agenda 2030, com a recuperação dos instrumentos sociais e a reconexão com as políticas públicas voltadas para a inclusão social”, acrescentou o ex-presidente da Fiocruz.
Os participantes vão da princesa belga Marie-Esmeralda, jornalista e ativista do meio ambiente, e Macharia Kamau, secretário do Ministério de Relações Exteriores do Quênia que foi o enviado especial da ONU para Implementação dos ODS, a “pratas da casa”, como a ex-presidente da Fiocruz e nova ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, e Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde.
A lista segue com figuras de peso como o indiano Amandeep Singh Gill, enviado especial do secretário-geral da ONU para Tecnologia, Jeremy Farrar, diretor da Wellcome Trust e recentemente nomeado cientista chefe da Organização Mundial de Saúde, e a ativista indígena Samela Sateré Mawé. Realizado no Expo MAG, no Centro do Rio, o evento se dividirá em sessões plenárias, sessões aprofundadas, sessões especiais e sessões especiais de alto nível.
Para Gadelha, o momento que o Brasil vive se tornou um atrativo a mais, pois muitos governos, instituições e empresas procuram avaliar o que significa essa reinserção do Brasil no cenário internacional com o compromisso dos temas relacionados à Agenda 2030, nos campos da geopolítica e nos processos de políticas de inclusão no país.
O objetivo do evento é acelerar o desenvolvimento e a aplicação de soluções tecnológicas para alcançar os ODS. Os painéis se dividem nos seguintes temas: Saúde, Educação, Água, Energia, Clima e Oceanos.
Inicialmente capitaneado pelo instituto de tecnologia belga Vito, que mantém peso significativo no evento, a G-Stic reúne um conjunto de instituições com representações em todas as regiões do mundo.
Nesta edição, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) organizará painéis sobre a produção local de vacinas e imunização, uma deficiência que ficou evidente com a dificuldade de acesso às vacinas durante a pandemia de Covid-19.
“Esse é um tema prioritário para a ONU e a OMS. A Fiocruz e o Brasil têm um protagonismo central dado o peso que as produções de Bio-Manguinhos e Farmanguinhos [Instituto de Tecnologia em Fármacos] têm nesse processo”, disse Gadelha. A vinda da reunião para a América Latina reforça também temas como as desigualdades na região.
Gadelha espera que a G-Stic Rio contribua para que haja uma forte interação entre os representantes das várias organizações, a Fiocruz e o governo brasileiro. “É uma oportunidade da abertura e reforço de cooperações, de distribuição de novas linhas de atuação conjuntas, inclusive no campo empresarial. Virão empresários da Europa que querem restabelecer parcerias e relações no Brasil.”
Outra expectativa é a Carta Final da G-Stic, que costuma ser ampliada nos fóruns internacionais seguintes, em especial no Fórum de Ciência e Tecnologia da ONU. “Minha expectativa é de que haja uma grande articulação, que produza efeitos de longo prazo. E que, com isso, venha um grande fortalecimento da Fiocruz”, disse.