O livro da ANS “Avanços da Oncologia na Saúde Suplementar”, lançado nesta última quarta-feira (26), traz passo a passo para planejar um programa parapromoção da saúde e prevenção de riscos e doenças oncológicas. De acordo com a publicação, o primeiro aspecto fundamental é definir o foco do cuidado.
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Conheça as modelagens para programas de promoção e prevenção do câncer
Veja trecho na íntegra:
Atualmente, a ANS elenca as áreas de cuidado em saúde, seguindo as prioridades do Ministério da Saúde para a população brasileira. São elas: (1) saúde da criança, (2) saúde do adolescente, (3) saúde do homem, (4) saúde da mulher, (5) saúde do adulto, (6) saúde do idoso, (7) saúde mental, (8) saúde bucal e (9) portadores de necessidades especiais. Vale lembrar que, em alguns casos, mais de uma área pode ser selecionada pela operadora.
Dentro de cada uma dessas áreas há temas de interesse, nos quais a operadora pode fixar como objetivos e metas a serem alcançados a curto, médio e longo prazo.
No sistema de informação da ANS estavam registrados, em julho de 2014, 1194 programas de promoção de saúde e prevenção de riscos e doenças, abrangendo uma população de cerca de 1,5 milhão de beneficiários de planos privados de assistência à saúde.
Do total desses programas, foi identificado que 195 programas (16,3%) abordavam o câncer como tema de interesse, conforme Tabela 3 e Gráfico 1. Esses programas abrangiam cerca de 840.000 beneficiários.
Observou-se que os programas que atuavam na prevenção do câncer de mama (30,8%) e do câncer de pulmão (28,2%) eram os mais frequentes.
Em relação aos fatores de risco para o câncer, no sistema de informação da ANS, do total de programas registrados na ANS, verificou-se que 187 programas (15,6%) abordavam estratégias de combate ao tabagismo, englobando cerca de 430.000 beneficiários.
Esses programas são de suma importância visto que o uso do tabaco continua sendo líder global entre as causas de mortes evitáveis (WHO, 2011). No sistema Vigitel Saúde Suplementar, do ano de 2011 verificou-se que a frequência de adultos que fumam variou entre 4,6% em João Pessoa e 18,2% em Porto Alegre. Ainda, no conjunto da população adulta das 27 cidades, a frequência do consumo intenso de cigarros permaneceu abaixo dos 10% para ambos os sexos, em todas as faixas etárias de idade. A frequência do consumo de 20 ou mais cigarros por dia foi superior entre homens e mulheres com até oito anos de escolaridade (3,7% e 3,8%, respectivamente).
Em relação às práticas inovadoras em programas, vale destacar um estudo realizado pela ANS em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) por meio do Laboratório de Inovação em Saúde Suplementar em 2012 (Audi & Pavin, 2014) que apontou, entre os programas, algumas iniciativas promissoras tanto para a melhoria do cuidado em saúde, quanto para a melhoria da gestão dos programas.
Um exemplo é o caso de uma operadora que desenvolveu um programa para promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças para cada fase de vida do beneficiário. A operadora incluiu no seu planejamento estratégico a elaboração de vários programas voltados para os seus beneficiários, iniciando com um programa para gestante, parto e puerpério; outro para cuidados com a saúde da criança; outro voltado para adolescentes; programas para saúde da mulher, com campanhas para prevenção do câncer de mama e de útero; saúde do homem enfocando câncer de próstata, um programa para gerenciamento de crônico; e, por fim, um programa para a terceira idade.
Ainda, por meio do Laboratório de Inovação em Saúde Suplementar, a ANS, em parceria com a OPAS, vem elaborando um plano de estudo especificamente para a área de Oncologia, abordando os seguintes assuntos, nesse primeiro momento: câncer de mama, câncer de colo de útero, câncer de próstata e tabagismo. Esses estudos terão como objetivo buscar evidências de boas práticas no combate ao tabagismo e ao câncer por operadoras de planos privados de assistência à saúde, de acordo com o perfil de necessidade de atenção à saúde dos beneficiários de planos privados de assistência à saúde.
Apesar de alguns avanços no setor, ainda existem alguns desafios, tanto na área de Oncologia como nas demais áreas de atenção. Os programas registrados na ANS são, em sua maior parte, de abrangência municipal. No entanto, ATUN e colaboradores (2013) enfatizam a necessidade de expandir a cobertura dos programas para promoção de saúde e prevenção de riscos e doenças para que se obtenha um benefício disseminado no sistema. Os programas, portanto, embora comecem pequenos e com intervenções complexas, devem se organizar para crescer e atingir cada vez mais elegíveis. Assim, os gestores dos programas devem repensar e redimensionar as intervenções para que tenham escalabilidade frente ao desafio de abranger maior parcela do público-alvo.
Considerando-se a importância dos fatores de risco e o estilo de vida, constata-se a necessidade de um movimento de transformação de um modelo baseado no cuidado da saúde para um maior foco na promoção de saúde e prevenção de riscos e doenças. Os programas de promoção de saúde são criados para gerar resultados específicos ou efeitos em um grupo relativamente bem definido de pessoas, em um determinado período de tempo e frequentemente são desenvolvidos para promover mudanças nos conhecimentos, atitudes e/ou comportamentos das pessoas (Novelli, 2012).
Dessa forma, a ANS tem dado continuidade às estratégias para a indução de Programas para Promoção de Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças, levando em consideração as especificidades do setor de saúde suplementar e, ao mesmo tempo, as políticas empreendidas pelo Ministério da Saúde. As estratégias adotadas têm a finalidade de inserir a promoção da saúde e a prevenção de doenças no contexto de um plano de cuidado integrado, promovendo a qualificação da gestão em saúde, a fim de melhorar a qualidade de vida da população beneficiária de planos privados de assistência à saúde.
Nesse contexto, com o incentivo da ANS, as operadoras de planos privados de assistência à saúde têm assumido um papel cada vez mais importante na promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças no setor de saúde suplementar. Embora ainda existam limitações nesse setor, muitos avanços já podem ser observados, em especial o crescimento de programas de promoção de saúde e prevenção de riscos e doenças pelo país, em diferentes estágios de implementação, buscando um plano de cuidado integrado ao paciente.