A
crise hídrica em São Paulo tem feito muitos consumidores adotarem ou intensificarem medidas criativas e sustentáveis para fugir do
racionamento e contribuir para a diminuição do consumo de
água no estado.
Hospitais da capital paulista, por exemplo, têm recorrido a reformas da estrutura hidráulica, ao reaproveitamento da água produzida em aparelhos a vapor e até mesmo à instalação de garrafas PET em descargas para reduzir a vazão.
Enquanto os paulistas se esforçam para economizar, o Sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento da região, não dá sinais de recuperação. Nesta quarta-feira (26), o volume armazenado caiu pelo 12º dia seguido e ficou em 9,2%.
No
Hospital Samaritano, foram instaladas garrafas PET preenchidas com pedras no interior das bacias sanitárias para diminuir a vazão. De acordo com a instituição, essa solução caseira, iniciada em abril, resulta em uma economia de 1,5 litros de água a cada descarga. Além disso, o hospital trocou tubulações antigas, chuveiros e vasos. No caso dos sanitários, optou-se pelo sistema dual flush (caixa sanitária com dois botões que permitem descargas com níveis diferentes de água) e a redução, de 9 para 6 litros, da caixa acoplada. Todas essas mudanças trouxeram, até outubro, uma economia de quase R$ 700 mil, segundo dados do hospital.
MAIS SUSTENTABILIDADE:
A instalação de equipamentos mais modernos também foi uma das alternativas encontradas pelo Hospital do Coração (HCor) para economizar água. Foram instalados, por exemplo, redutores de vazão (pequenos anéis que controlam a saída de água) em torneiras e chuveiros. O gerente de engenharia hospitalar, Gleiner Ambrósio, destaca que isto é feito respeitando as normas técnicas. “Se reduzo a quantidade de água para lavagem de mão ou banho, o processo de limpeza pode se tornar precário. As vazões são mantidas dentro de um limite mínimo definido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas”, explicou.
Além de mudar equipamentos, o HCor reaproveita a condensação gerada pelos equipamentos de vapor, como as máquinas secadoras da lavanderia. Essa medida permitiu uma economia de água de 600 metros cúbicos por mês m3/mês), ou 600 mil litros. De acordo com Ambrósio, isso equivale a 600 caixas d'água. Outra solução que gerou redução de consumo foi a instalação de um sistema eletrônico de irrigação do jardim. “O hospital está economizando em torno de 3,5 mil m3/mês. Estamos deixando de captar da concessionária por reaproveitar”, explicou o gerente de engenharia hospitalar.
Temporizadores e redutores de vazão também foram instalados no Hospital Alvorada. A medida, adotada em 2011, reduziu em 30% o consumo de água. No contexto de crise hídrica, novas soluções foram encontradas. Uma delas foi aumentar a temperatura dos aquecedores de chuveiros para que a água esquente rapidamente, evitando o desperdício da água fria durante o banho. Desde abril deste ano, a instituição passou a fazer palestras sobre água, energia e reciclagem para conscientizar funcionários e público em geral sobre a importância de economizar. A campanha reduziu em 8% o consumo de água.
No Hospital São Camilo, a lavanderia, que já trata a água para reúso desde 2007, ampliou o horário de funcionamento da estação de tratamento. “Até agosto, era até as 15h. A partir de então, colocamos para trabalhar até as 19h. Aumentamos em quase quatro horas”, apontou Maria Aparecida Mastroantonio, gerente do setor. Ela explica que o processo ocorre automaticamente com a colocação de produtos químicos no afluente, além da água passar por filtros e bactericidas, como o gás ozônio. “Tínhamos até agosto um reaproveitamento de 40%. Esse percentual aumentou para 60%. Em novembro, talvez a gente consiga um pouco mais”, projetou.
Outra saída que está sendo adotada por consumidores comuns e também condomínios residenciais e comerciais é a instalação de cisternas para captação da água de chuva. O interesse por este produto na empresa EcoCasa, por exemplo, aumentou 375% entre janeiro e outubro, de acordo com o coordenador de marketing Hiago Vilar. Ele disse que as regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas são as áreas com maior procura no estado. Ele explica que um reservatório residencial custa entre R$ 6 mil a R$ 13 mil, dependendo do projeto, que pode variar de 5 a 10 mil litros de capacidade. “É possível reduzir até 50% do consumo de uma família”, estimou.