Usando a mesma tecnologia de saúde remota, pioneira para monitorar sinais vitais de saúde, engenheiros da University of South Australia e da Middle Technical University, de Bagdá, projetaram um sistema sem contato para medir as pressões sistólica e diastólica com precisão.
Em artigo publicado na Inventions, os pesquisadores descreveram o procedimento, que consiste em filmar uma pessoa, por 10 segundos, e extrair sinais cardíacos de duas regiões da testa a uma curta distância, usando algoritmos de inteligência artificial.
As leituras sistólica e diastólica foram cerca de 90% precisas em comparação ao esfigmomanômetro digital, instrumento usado para medir a pressão arterial, que está sujeito a erros.
Os experimentos foram realizados em 25 pessoas, todas com diferentes tons de pele e sob condições de mudança de luz, superando as limitações relatadas em estudos anteriores.
“Monitorar a pressão arterial é essencial para detectar e controlar doenças cardiovasculares, a principal causa de mortalidade global, responsável por quase 18 milhões de mortes em 2019”, diz o engenheiro de sensoriamento remoto da UniSA, professor Javaan Chahl.
Além disso, nos últimos 30 anos, o número de adultos com hipertensão aumentou de 650 milhões para 1,28 bilhão em todo o mundo.
O setor de saúde precisa de um sistema que possa medir com precisão a pressão arterial e avaliar os riscos cardiovasculares quando o contato físico com os pacientes é inseguro ou difícil, como durante o recente surto de Covid-19.
“Se pudermos aperfeiçoar essa técnica, ela ajudará a lidar com um dos mais sérios desafios de saúde que o mundo enfrenta hoje”, diz o professor Chahl.
A tecnologia de ponta percorreu um longo caminho desde 2017, quando as equipes de pesquisa da UniSA e do Iraque demonstraram algoritmos de processamento de imagem que podiam extrair a frequência cardíaca de um humano a partir de vídeos de drones.
Nos últimos cinco anos, os pesquisadores desenvolveram algoritmos para medir outros sinais vitais, incluindo frequência respiratória à distância de 50 metros, saturação de oxigênio, temperatura e icterícia em recém-nascidos.
Sua tecnologia sem contato também foi implantada nos Estados Unidos durante a pandemia para monitorar sinais de Covid-19.
“Sistema de estimativa de pressão arterial sem contato usando um sistema de visão computacional” foi publicado em Inventions.
*Rubens de Fraga Júnior é professor de Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e é médico especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).