O entrevistado explica que a maioria das empresas de Engenharia Clínica nasce em uma estrutura amadora e/ou familiar, sem preocupação com processos, acervo técnico e melhoria contínua. Em outras palavras, não é adotado um sistema de qualidade, nem um formato profissional de gestão.
“Na falta desses dois itens, observam-se desvios de função – profissionais que não são engenheiros atuando como tal –, equipes subdimensionadas ou contratos por valores inexequíveis – não há como garantir qualidade, pois qualidade tem valor e o valor é um investimento que reflete no custo”, analisa.
Assim, o Selo de Qualificação ONA para empresas de Engenharia Clínica veio para elevar o nível de qualidade do setor, pois possibilita que as organizações melhorem seus processos e a qualificação profissional de engenheiros, tecnólogos e técnicos.
Com a qualificação, a engenharia clínica pode promover equipamentos médicos mais seguros aos usuários, pois a unidade de saúde com departamento ou empresa de EC certificada garante o uso adequado dos equipamentos, evitando inseguranças, perdas jurídicas e desperdícios financeiros, otimizando processos e compras. “Toda a sociedade vai lucrar com a economia de recursos para a saúde e diminuição do risco de eventos adversos aos usuários de equipamentos médicos”, resume o vice-presidente de Relações Institucionais da ABEClin.
Selo de Qualificação ONA
A versão mais atual do Manual do Selo de Qualificação ONA 2020-2024 incluiu três novos serviços terceirizados (higienização, Engenharia Clínica e nutrição), solicitados pelas organizações de saúde e sociedade. “Esta versão evoluiu em termos de quantidade de novos serviços e padrões, como também sua metodologia, eliminando a subjetividade por meio da aplicação do método de pontuação e com um modelo de avaliação estruturado em diretrizes organizacionais, gestão organizacional e gestão de apoio”, explica Gilvane Lolato, gerente de operacional da ONA – Organização Nacional de Acreditação.
Entre as versões de 2016 e 2020, foi observado aumento de 99% dos requisitos. O padrão “Gestão da operação”, que avalia a atividade-fim da organização, possui o maior número de requisitos e, consequentemente, obteve o maior aumento (97%), em comparação com os demais padrões. O padrão “Gestão Organizacional e Liderança” registrou crescimento de 73% do número de requisitos comparados à versão anterior.
“A acreditação constitui-se em um mecanismo de alinhamento dos mais variados serviços, unidades e setores, por meio de padrões previamente estabelecidos, que organizam e potencializam o desenvolvimento e a execução das atividades, com a consequente melhoria do desempenho gerencial e assistencial das organizações de saúde por meio da avaliação externa”, explica, por sua vez, Péricles Góes da Cruz, superintendente técnico da ONA.
O Selo de Qualificação ONA também oferece mais credibilidade às certificadas para que elas possam oferecer seus serviços a outras empresas, sendo mais comum que instituições hospitalares que possuam o Selo de Acreditação busquem parceiros que possuam o Selo de Qualificação. Podemos então dizer que, ao ser qualificada, uma empresa abre vantagem competitiva na sua área de atuação.
Conquistando o selo
Para conquistar o Selo ONA em Engenharia Clínica é preciso ter CNPJ constituído há um ano, licenças e alvará pertinentes à prestação de serviços, bem como responsável técnico, quando aplicável. O processo envolve quatro passos, como explica Vivian Giudice, diretora de Negócios e Mercado do Grupo IBES – Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde, instituição acreditadora credenciada.
4 passos para conquistar o Selo
1) Elegibilidade: a empresa deve escolher uma acreditadora para a análise de elegibilidade. Quando confirmada, o termo de adesão é assinado.
2) Diagnóstico: agendamento da data da avaliação diagnóstica. Após cerca de 20 dias, a empresa recebe um relatório detalhado e claro com as melhorias a serem implementadas por prioridade. O IBES oferece o Canal Multidisciplinar para suporte técnico às dúvidas que possam surgir durante a implantação das melhorias.
3) Certificação: a avaliação é agendada pela empresa quando tiver implementado a maior parte do relatório. Após o processo, a equipe de avaliação compartilha o parecer com a recomendação da certificação que, posteriormente, é validada pelo Comitê de Certificação do IBES e pelo Conselho de Administração da ONA. O certificado é emitido com validade de dois anos.
4) Manutenção: a manutenção da certificação é realizada anualmente.
“A acreditação constitui-se em um mecanismo de alinhamento dos mais variados serviços, unidades e setores, por meio de padrões previamente estabelecidos, que organizam e potencializam o desenvolvimento e a execução das atividades, com a consequente melhoria do desempenho gerencial e assistencial das organizações de saúde por meio da avaliação externa”, explica, por sua vez, Péricles Góes da Cruz, superintendente técnico da ONA.
O Selo de Qualificação ONA também oferece mais credibilidade às certificadas para que elas possam oferecer seus serviços a outras empresas, sendo mais comum que instituições hospitalares que possuam o Selo de Acreditação busquem parceiros que possuam o Selo de Qualificação. Podemos então dizer que, ao ser qualificada, uma empresa abre vantagem competitiva na sua área de atuação.
Conquistando o selo
Para conquistar o Selo ONA em Engenharia Clínica é preciso ter CNPJ constituído há um ano, licenças e alvará pertinentes à prestação de serviços, bem como responsável técnico, quando aplicável. O processo envolve quatro passos, como explica Vivian Giudice, diretora de Negócios e Mercado do Grupo IBES – Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde, instituição acreditadora credenciada.
4 passos para conquistar o Selo
1) Elegibilidade: a empresa deve escolher uma acreditadora para a análise de elegibilidade. Quando confirmada, o termo de adesão é assinado.
2) Diagnóstico: agendamento da data da avaliação diagnóstica. Após cerca de 20 dias, a empresa recebe um relatório detalhado e claro com as melhorias a serem implementadas por prioridade. O IBES oferece o Canal Multidisciplinar para suporte técnico às dúvidas que possam surgir durante a implantação das melhorias.
3) Certificação: a avaliação é agendada pela empresa quando tiver implementado a maior parte do relatório. Após o processo, a equipe de avaliação compartilha o parecer com a recomendação da certificação que, posteriormente, é validada pelo Comitê de Certificação do IBES e pelo Conselho de Administração da ONA. O certificado é emitido com validade de dois anos.
4) Manutenção: a manutenção da certificação é realizada anualmente.
Mais um fator de sucesso é a capacitação da liderança em processos de qualidade e certificação. O IBES consolidou um curso customizado para Certificação de Serviços de Engenharia Clínica em oito horas, que permeia todos os requisitos necessários para a organização ser certificada. “Seja uma capacitação on-line ou in-company, os líderes capacitados serão as válvulas propulsoras, motivadoras e multiplicadoras desse conhecimento para o restante da equipe”, salienta Vivian.
O terceiro fator de sucesso é o planejamento das ações com acompanhamento sistemático: tudo o que não tem data, nem pai, acaba engavetado. A certificação é um processo minucioso e complexo, mas se a organização estruturar planos de ações, priorizar os requisitos, definir responsáveis e prazo para entregas, o sucesso é garantido. As organizações que entram neste processo pela primeira vez por meio do IBES, levam em média de três a nove meses para alcançar os padrões e a certificação. “Esse prazo é geralmente mais curto em razão dos treinamentos de sensibilização, tutor para práticas padrão ouro e suporte técnico, oferecidos gratuitamente pelo IBES. Por tudo isso, sempre recomendo que a organização defina a data que almeja ser certificada, bem como a divulgue internamente de modo que todos estejam alinhados ao objetivo e prazo para alcançá-lo”, explica Vivian.
Na prática 1: Orbis
A Orbis Gestão de Tecnologia em Saúde é a primeira empresa de engenharia clínica a conquistar o selo ONA, isso em 2020, após passar por uma rigorosa avaliação do IBES. Em setembro de 2022, passou por nova auditoria e foi recertificada. “Este selo eleva o padrão do serviço com o aumento da qualidade, melhoria dos processos e foco na satisfação do cliente, promovendo maior segurança ao paciente. Temos muito orgulho dessa conquista”, conta Ricardo Maranhão, diretor-executivo da Orbis.
Ele revela que a empresa encontrou muitos desafios para se adequar ao selo e venceu todos, desde o planejamento financeiro para investir na certificação, passando pela organização dos documentos e processos de qualidade, chegando à mobilização da equipe. “O engajamento de todos foi o nosso grande diferencial. O envolvimento da equipe, que carinhosamente chamamos de Orbis Team, fez toda a diferença. Tivemos também outras ações imprescindíveis, como o apoio de uma consultoria de qualidade, o investimento em software de gestão e a reorganização de alguns setores da empresa para nos adequarmos aos mais de 800 requisitos do manual de qualificação ONA”, detalha.
Para outras empresas que desejam conquistar esse selo, Ricardo dá a dica: planejamento, organização e compromisso. “É fundamental que os colaboradores estejam envolvidos com os processos, desde a alta liderança e os gestores até a ponta. A cultura da empresa deve estar bem difundida para que todos entendam que, apesar de exigir muito trabalho, é um processo em que todos os setores crescem muito e evoluem de forma sistêmica. É um caminho sem volta.”
Na prática 2: Fisio-Tec
A Fisio-Tec Gestão em Tecnologia de Saúde também está entre as poucas empresas que conquistaram o Selo ONA em Engenharia Clínica. Em 2021, passou por rigorosa auditoria realizada pela IAQ DNV, comprovando o pleno atendimento aos requisitos em todos os setores internos. “Com este selo, obtido pela padronização de procedimentos focados na segurança do paciente, garantimos aos hospitais a excelência na prestação de serviços em saúde”, destaca Márcio Varandas, CEO da Fisio-Tec.
A acreditação é um grande diferencial competitivo no mercado e a empresa, além do selo ONA, certificou-se pela norma ISO 9001:2015, sendo, até o momento, a única empresa brasileira com essas duas certificações, conforme afirma Márcio. “A acreditação veio incorporar à Fisio-tec os requisitos do manual para todos os setores, amadurecendo a gestão interna, aumentando a produtividade, melhorando a integração dos colaboradores e aperfeiçoando os procedimentos operacionais”, garante.
O maior desafio da Fisio-Tec para conquista do selo foi expandir para os demais setores a cultura já existente no setor de operação e, assim, adequar os processos internos aos requisitos da ONA. Para atingir o objetivo, a empresa montou um forte time de lideranças e estudou profundamente o manual, construindo passo a passo todos os processos conforme os requisitos exigidos. Na sequência, implantou os procedimentos, promovendo também treinamentos e acompanhamento de toda a equipe.
Para que outras companhias do setor também conquistem o selo, Márcio dá a dica: esteja ciente que toda a empresa deve colaborar para o processo de acreditação, já que os requisitos envolvem uma gestão mais organizada com procedimentos estratégicos e competentes. “Trabalho em equipe, foco e estabelecer e cumprir prazos são metas fundamentais a serem atingidas para um resultado coerente com as exigências. Além disso, é preciso estar a par do manual e das documentações necessárias para a empresa ser elegível a participar da acreditação”, expõe.
A adesão de outras empresas na busca pelo selo ONA traz naturalmente uma grande melhoria na qualidade dos serviços ofertados, padronização e credibilidade desses serviços, fortalecendo e valorizando o segmento de Engenharia Clínica.
A ABEClin é uma instituição que promove o desenvolvimento dessas empresas, pois contribuiu para o crescimento da profissão, oferecendo eventos, congressos e acesso a diversas informações, além de investir no reconhecimento e regulamentação da Engenharia Clínica.
EC no Brasil: um pouco de história
O setor de Engenharia Clínica surgiu no país na década de 80, por meio de cursos de especialização e em virtude de análises do governo mostrarem que uma fração considerável do parque de equipamentos médicos estava indisponível devido à falta de gestão/manutenção, como conta Alexandre Ferreli Souza, vice-presidente de Relações Institucionais da ABEClin.
Hospitais de referência, como Albert Einstein e Sírio-Libanês, entre outros, iniciaram seus departamentos de Engenharia Clínica, obtendo excelentes resultados, assim como universidades de renome ampliaram a capacidade de formação de engenheiros clínicos, iniciando novos cursos de especialização.
Com o crescimento da busca pela qualidade, por meio da acreditação e otimização de recursos, o mercado começou a entender a importância da EC e a implementar esse departamento nas unidades de saúde. Outras frentes passaram a absorver os profissionais de EC para aprimoramento e otimização de projetos, redução de custos, gestão de ativos, manutenção, coordenação de equipes e serviços, regulatório, etc. Todas essas áreas podem ser encontradas em secretarias de saúde, fabricantes de equipamentos médicos, representantes dos fabricantes, Ministério da Saúde, empresas de Engenharia Clínica, empresas de arquitetura e unidades de saúde.
A preocupação com a segurança do paciente contribuiu para a expansão da profissão nas unidades de saúde. A Engenharia Clínica está intrinsecamente relacionada com a segurança do paciente, como pode-se ver na definição adotada pela ABEClin: “o profissional de Engenharia Clínica é aquele que aplica as técnicas da engenharia no gerenciamento dos equipamentos de saúde para garantir rastreabilidade, usabilidade, qualidade, eficácia, efetividade, segurança e desempenho destes equipamentos, no intuito de promover a segurança dos pacientes”.