O Instituto Horas da Vida – organização sem fins lucrativos que busca levar saúde às pessoas em vulnerabilidade social – promoveu um talk show para debater o “ESG e o impacto da sustentabilidade financeira nos negócios no setor de saúde”. O evento contou com Bruno Porto, sócio e líder do setor de saúde na PwC Brasil; Fabiana Peroni, doutora em Saúde Coletiva pela Unicamp e mestre em promoção da Saúde pela Unifran; Thaís Melo, diretora médica da farmacêutica Boehringer Ingelheim; Emanuel Pessoa, sócio-diretor do Emanuel Pessoa Advogados; além da mediadora Tania Machado, embaixadora do Instituto Horas da Vida.
“ESG” é a sigla em inglês para Environmental (Ambiental, E), Social (Social, S) e Governance (Governança, G). O termo foi cunhado em 2004 em um relatório feito pelo Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem o objetivo de engajar empresas e organizações na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, em parceria com o Banco Mundial.
“Governança corporativa é essencial para que a empresa continue alinhada aos seus propósitos de crescer e lucrar, assim, a companhia tem recursos necessários para adotar políticas ambientais e sociais. Empresa quebrada não pode investir em sustentabilidade e redução das desigualdades sociais. O que se percebeu é que corporações que investiam em ESG tinham retorno superior às demais que não investiam. Já que uma boa governança corresponde a melhora na administração da empresa e menor desperdício”, detalha Emanuel Pessoa, doutor em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo (USP). “Além disso, empresas que atuam fortemente na área social e ambiental colhem maior dividendos junto ao mercado consumidor porque acabam criando nicho de fãs, que supera até estratégia de marketing. Quando há fãs eles são verdadeiros defensores da marca”.
Thaís Melo, diretora médica da farmacêutica Boehringer Ingelheim, destacou como a parceria de empresas com organizações sociais, como o Instituto Horas da Vida, pode auxiliar empresas a colocar em práticas ações sociais. E, dessa forma, cumprir o critério social das ações ESG.
“Um exemplo que colocamos em prática foi uma parceria da Boehringer Ingelheim com o Instituto Horas da Vida. Como uma forma de responder aos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que mostrou que a população negra encontra mais dificuldades em acessar o sistema público de saúde e que 23,3% das pessoas pretas e pardas se sentem ou já se sentiram discriminadas ao buscar serviços de saúde, realizamos, com execução do Horas da Vida, o projeto Mais Saúde para população negra. O objetivo foi assegurar o acesso dessa população às ações e aos serviços de saúde com foco na prevenção de doenças crônicas”, destacou Thaís Melo.
O Horas da Vida promoveu avaliação física, atendimento e exames de mais de 100 pessoas pretas para avaliar se esses pacientes tinham problemas cardiovasculares ou diabetes. É importante que essas iniciativas não sejam isoladas e essas parcerias continuem ativas para que um projeto desse seja expandido e continuado para que não seja um impacto único para aquela população. Isso está totalmente alinhado com essas práticas ESG: promover inclusão e reduzir as desigualdades, tanto no sistema de saúde quanto da nossa sociedade.
O Horas da Vida promoveu avaliação física, atendimento e exames de mais de 100 pessoas pretas para avaliar se esses pacientes tinham problemas cardiovasculares ou diabetes. É importante que essas iniciativas não sejam isoladas e essas parcerias continuem ativas para que um projeto desse seja expandido e continuado para que não seja um impacto único para aquela população. Isso está totalmente alinhado com essas práticas ESG: promover inclusão e reduzir as desigualdades, tanto no sistema de saúde quanto da nossa sociedade.
A pesquisa “Como as organizações de saúde podem incorporar as prioridades ESG?”, da PwC, analisou as iniciativas ESG de 45 sistemas de saúde e seguradoras e de 32 empresas farmacêuticas e de biociências. No estudo, a consultoria identificou que provedores de serviços, operadoras e seguradoras de saúde e organizações farmacêuticas e de biociências adotaram historicamente o pilar social dos esforços ESG.
“Há algumas iniciativas na área ambiental, mas ainda não é tão forte quanto outras indústrias. O setor de saúde tem seus desafios e, assim como outras empresas, precisa olhar para a qualidade de vida de seus colaboradores e da comunidade ao seu entorno. Inclusão e diversidade têm tudo a ver com saúde. Como garantir acesso com equidade é um grande desafio para a indústria de saúde, farmacêutica e operadoras”, afirma Bruno Porto, sócio e líder do setor de saúde na PwC Brasil.
Segundo relatório da consultoria e auditoria PwC, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em investimentos que consideram os critérios ESG até 2025. Isso representa cerca de US$ 8,9 trilhões. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos.
“O relatório de ESG da Associação Nacional dos Hospitais Privados apresentou o exemplo de uma instituição de saúde particular de São Paulo que tinha uma reforma programada nos banheiros e decidiu trocar os vasos sanitários por um novo modelo de funcionamento a vácuo, algo simples. Esse sistema novo utiliza 1,5L de água por descarga, o anterior consumia 6L. Em quatro meses de reforma foram investidos cerca de R$ 26 mil. Em um ano constataram uma redução de quase 75% do consumo de água”, exemplifica Fabiana Peroni, doutora em Saúde Coletiva pela Unicamp com 15 anos de carreira nas áreas de Saúde Coletiva, Gestão e Planejamento.