Resultado da parceria entre Roche, techtools health e a Federação de Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerias (Federassantas) no Projeto Saúde Mulher, a Tília Saúde Digital visa auxiliar os hospitais da região do sul de Minas a rastrear e cuidar da jornada de pacientes com câncer de mama. A solução será apresentada durante o Congresso Brasileiro de Informática em Saúde (CBIS), que ocorre em Campinas (SP).
?Ao baixar a Tília Saúde Digital, disponível para as pacientes via celular (Android e iOS), a mulher efetua seu cadastro e responde a um questionário elaborado por profissionais da saúde com base em evidências científicas e nos protocolos do Ministério da Saúde. Feito isso, uma camada de inteligência artificial é aplicada para verificar o risco da paciente para a doença e encaminhar seu caso a um clínico, que então a direciona para consulta ou exame, conforme a necessidade. A plataforma também dá dicas de prevenção e de reflexão sobre a importância dos cuidados com a saúde, com foco nos fatores de riscos modificáveis para o câncer de mama, como tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada e consumo excessivo de álcool, entre outros.
A Tília Saúde Digital tem o objetivo de digitalizar a linha de cuidado completa do câncer de mama de mulheres entre 50 e 69 anos, da macrorregião do extremo sul de Minas Gerais. O projeto foi concebido para engajar 25 hospitais, numa região de 53 municípios, com 985 mil habitantes e público-alvo de 117.641 mulheres. A implantação em primeira etapa ocorre na Microrregião de Pouso Alegre.
Por meio do app, é possível agendar consultas, solicitar atestados, armazenar e encaminhar resultados de exames, acessar prescrições digitais, receber monitoramento pós-consulta, bem como avaliar a plataforma e os atendimentos, entre outras funcionalidades. Já o agendamento de exames deverá ser realizado diretamente nas instituições de saúde contempladas pelo projeto, que nesta primeira etapa está concentrado no Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre.
A Tília Saúde Digital também será utilizada por gestores do sistema de saúde, médicos, enfermeiros e demais profissionais do setor, para digitalizar toda a jornada dessas mulheres e pacientes, no que tange à prevenção, diagnóstico e tratamento, incluindo informações que viabilizem a busca ativa, de forma a evitar atrasos e faltas nos atendimentos.
A pandemia da Covid-19 foi um dos principais aceleradores da digitalização da saúde nos últimos anos, mas também um grande obstáculo na identificação dos casos precoces de câncer de mama e na manutenção do tratamento das pacientes.
Um estudo realizado pela Americas Health Foundation, com apoio da Roche, e publicado em setembro deste ano, avaliou o impacto da pandemia na detecção do câncer em 11 países da América Latina, incluindo o Brasil. Entre os entrevistados, 80% dos médicos relataram que os programas e atividades de prevenção do câncer na região foram significativamente afetados, e 96% deles citaram uma redução específica no número de mamografias de triagem. Isto impactará milhões de mulheres, já que o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres da região, e geralmente é curável se detectado em estágios iniciais, o que ocorre principalmente por meio de programas de triagem de rotina.
Os dados reforçam outros achados sobre o período da pandemia, como um levantamento do Conselho Federal de Medicina, que aponta que exames preventivos contra o câncer também estão entre os que sofreram expressiva queda. A mamografia bilateral para rastreamento, exame realizado nas duas mamas e muitas vezes vital para a descoberta precoce do câncer de mama, caiu de 3,2 milhões, entre março e dezembro de 2019, para 1,7 milhão no mesmo período de 2020.