Para garantir times mais heterogêneos, a Sami, healthtech de acesso à saúde, resolveu levar a sério o assunto diversidade. Em uma ano a empresa foi de apenas 6% de pessoas negras no time para 35%, e o índice glassdoor de diversidade está em 4,0 - nota mais alta da empresa.
Segundo a líder de diversidade e inclusão da Sami, Melina Moura, mais significativo que esses números é ouvir da equipe que é perceptível que a organização está mais heterogênea nos cargos de base, apesar de ainda haver muito caminho a ser percorrido para chegarmos num mundo ideal. “O mundo moderno trouxe a ‘unificação das vidas’, por isso a valorização da diversidade é tão importante e tem tanto valor, pois as pessoas/profissionais não querem mais esconder nenhuma parte/fato de sua vida. Elas querem e têm o direito de ser quem são, mostrar seu cabelo ao natural, falar sobre sua história, sua realidade, sem medo de sofrer qualquer tipo de preconceito, e quando estão ‘inteiras’, produzem muito melhor”, afirma.
A médica de família da Sami, Ana Carolina De Paula, que é uma mulher negra, relata que está feliz por enfim estar em uma empresa que valoriza a diversidade, e com a qual se identifica. “Sempre fui exceção nos locais onde trabalhei, como única profissional negra no corpo clínico - e às vezes até na equipe técnica. Hoje, me sinto à vontade, segura e, inclusive, realizada por em alguns casos ter a oportunidade de atender pacientes negros que também esboçam satisfação por serem acompanhados por mim”, conta a profissional da saúde, que desabafa: “Já enfrentei muito racismo por parte de colegas e pacientes, e cheguei a desistir de alguns empregos pelo clima pesado e insalubre. Não quero mais essa realidade para mim nem para ninguém, e vejo a metodologia de Gestão Inclusiva, como a implementada pela Sami, como uma saída para que outras empresas deem voz e espaço a pessoas negras”.
Para assegurar a valorização da diversidade e inclusão dentro da empresa, no início de 2021 a Sami passou a olhar para diversidade, acessibilidade e inclusão de uma forma estruturada. “O tema entrou em nossos OKRs, fizemos várias rodas de conversa envolvendo os fundadores, o time de pessoas e as lideranças e, ao final do primeiro trimestre, desenhamos o que seria Diversidade e Inclusão na Sami. Começamos com conteúdo educativo e informativo para garantir que todos estariam na mesma página, e então fomos avançando, de maneira sólida”, explica Melina, líder de D&I.
Pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou que 87% dos entrevistados veem nas empresas o desejo de serem reconhecidas por valorizar a diversidade. Mas quantas delas estão fazendo alguma coisa por isso? 60% dos entrevistados disseram que as instituições de fato desenvolvem ações de inclusão. 80% dos participantes acreditam que o número de pessoas que fazem parte dos grupos marginalizados tende a aumentar nos próximos dois anos.
Melina Moura ressalta que o trabalho de evolução é diário, o aprendizado constante, e que foi realizado um mapeamento junto ao Instituto Diversitas para identificar pontos de atenção. Além disso, foi adotado um modelo baseado em neurociência que é focado em reduzir vieses cognitivos, seja orientando sobre falas equivocadas ou atitudes preconceituosas, para gerar autoconsciência nas pessoas para elas perceberem que têm esses vieses. “Fazemos acompanhamento de pessoas com marcadores sociais da diferença, mas saímos do ‘estamos contratando pessoas negras para estamos contratando todas as pessoas’, até eliminarmos todas as barreiras. Investimos em valorização da diversidade, com a consciência de que se trata de um processo. Quanto mais eu incluo, menos eu excluo. E o importante é começar, até conseguirmos fazer com que essas práticas reflitam positivamente em toda a sociedade”, conclui.