Quem lida com água e saneamento, mexe com a indústria, com a agricultura e, sobretudo, com a qualidade de vida das pessoas. Para "agradar" e servir a esse conjunto de demandas - e manter o investimentos e o caixa saudáveis - uma empresa precisa ser a melhor em gestão. É o que vem fazendo a Companhia de Saneamento Básico de Minas Gerais (Copasa), que adotou o Modelo de Excelência da Gestão (MEG) alinhado com critérios de excelência de gestão da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Foram essas decisões, e o sucesso na execução das metas, que fizeram da Copasa a vencedora do Prêmio "Finalista", uma espécie de menção honrosa concedida pela FNQ. Na sua 23ª edição, a FNQ premiou outras seis empresas pela excelência em gestão e duas como destaque no critério gestão de clientes e na administração de estratégias e planos - a Copel e a Cemar, respectivamente.
A Copasa decidiu mudar seu foco em 1998 e a olhar para um modelo de gestão nos moldes do Plano Nacional da Qualidade em Saneamento (PNQS). "No fim de 2010 submetemos ao conselho de administração da companhia a meta do Planejamento Estratégico da Copasa para fazer a empresa caminhar no Modelo de Excelência de Gestão e levá-la a trilhar os caminhos da gestão classe mundial", explica Ricardo Simões, presidente da Copasa.
"Naquela época, parecia um sonho extremamente ousado e que precisava do esforço de todos nós", completa. O passo seguinte, foi estabelecer o objetivo estratégico de "Fortalecer a Cultura da Excelência Empresarial" para implementar o Projeto Estratégico Gestão Classe Mundial. "Mas, o mais importante foi termos nossos processos reconhecidos e alinhados ao MEG, nosso grande objetivo", explica.
Os resultados obtidos pela companhia mineira acabaram virando modelo para o setor. "Hoje, o índice de perdas de água é de 23%, um dos melhores do país. Já tivemos, em outras épocas, índice de perdas eram de 38%. Podemos não chegar ao nível do Japão, que fica entre 12% e 15% de perdas, mas almejamos nos aproximar disso", emenda Antonio Ivan Vieira de Freitas, vice-presidente da Copasa.
Para Simões, o principal desafio é continuar disseminando o conceito de gestão em todos os níveis da empresa. "É uma tarefa extremamente difícil, devido à descentralização e diversificação da companhia, contudo, continuamos avançando", afirma. No primeiro semestre, a empresa faturou R$ 1,6 bilhão - alta de 6,9% sobre o mesmo intervalo do ano passado.
A Copasa é uma das maiores empresas de saneamento do Brasil e atende 85% do Estado de Minas Gerais cobrindo 631 dos 853 municípios do Estado. Outro indicador que revela boas práticas é o baixo índice de inadimplência, que é de apenas 1,41%. "Desde 1998, a Copasa desenvolve um modelo de gestão adequado à visão de futuro da empresa. Todo esse aprendizado, ao longo desses anos, fortalece a Copasa, processo que independe de futuras administrações", diz Vieira de Freitas.
"Temos de seguir em frente com o nosso modelo de gestão, que já faz parte da cultura da empresa", afirma o executivo. "Na primeira vez que abrimos as portas ao PNQ já fomos 'finalistas', para a satisfação dos 12 mil funcionários da empresa. O próximo passo é mergulhar no relatório do Prêmio Nacional de Qualidade e trabalhar em cima dos pontos de melhoria."
A Copasa investiu R$ 721 milhões no primeiro semestre, 73% do total das aplicações para este ano, que é de R$ 983 milhões. Desse total, R$ 455 milhões foram destinados à implantação de redes de esgoto e outros R$ 239 milhões, para abastecimento de água.
"É uma tarefa difícil, devido à descentralização e diversificação da companhia, contudo, continuamos avançando"
Mostrar serviço em período de pouca chuva é um desafio para uma empresa cujo produto é a água. Para o bem dos clientes, a Copasa seja talvez uma das empresas do Brasil que menos tenha sofrido com a forte estiagem que assola o país, acredita o vice-presidente. "A construção de várias barragens na região metropolitana de Belo Horizonte está conseguindo suportar a escassez de água e atender a demanda. Evidentemente, não temos muita folga, mas não temos falta de água", afirma.
Para garantir mais recursos, a Copasa selou parceria com o Banco KFW - instituição financeira alemã que apoia o Brasil nos seus esforços pela proteção do clima e do meio ambiente - para tocar adiante o Programa de Despoluição da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba. O propósito é investir na realização de melhorias da situação ambiental e das condições de vida da população local.
"O programa envolve recursos da ordem de R$ 450 milhões, dos quais a Copasa entrou com aproximadamente 30% até dezembro de 2013, diante de um total contratado de 100 milhões de euros liberados pelo banco alemão. O cronograma do projeto prevê ações para serem realizadas até 2016", diz.
O programa Copasa na Bacia do Paraopeba envolve a construção e ampliação de sistemas de esgotamento sanitário em Betim/Citrolândia, Conselheiro Lafaiete, Congonhas, Ibirité, Igarapé, Mateus Leme, São Joaquim de Bicas e Mário Campos; a construção de duas Unidades de Tratamento de Resíduos (UTRs) nos sistemas Serra Azul e Vargem das Flores; mobilização e educação sanitária e ambiental com ênfase na conquista de clientes factíveis, para melhorar a sustentabilidade financeira dos empreendimentos; e trabalhos de proteção de 30 mananciais em toda extensão da bacia.
Só a estação de tratamento de Ibirité, uma das mais modernas do mundo, recebeu financiamento da ordem de 100 milhões de euros do KFW. Outro projeto eque está em fase final - com aproveitamento energético de gás - recebeu 30 milhões de euros do banco alemão com uma contrapartida da Copasa em torno de 20%. "Todas as estações de tratamento serão autossustentáveis em energia, além de obterem lucro através de venda de energia para a rede pública, evitando também descarte para o aterro sanitário", diz o vice-presidente. No conjunto, as obras visam à revitalização das bacias hidrográficas e à universalização do acesso ao saneamento.
De acordo com informação de Simões, a manutenção desse ritmo de execução das obras exige da companhia a continuidade de sua estratégia, adotada para o período de 2011 a 2014 na área de gestão, por meio do desenvolvimento do sistema e o reconhecimento pelo PNQ.
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