Inovação como pilar da cultura corporativa
19/11/2014 - por Por Roberto Rockmann | Para o Valor, de São Paulo

A AES Sul, concessionária de distribuição de energia elétrica que atua em 118 municípios gaúchos, atendendo a cerca de quatro milhões de pessoas, subiu ao lugar mais alto do pódio do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) neste ano. Foi a segunda conquista da empresa, que, em 2010, quatro anos depois da adoção do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), foi premiada pela primeira vez.

Para garantir a implementação da cultura da excelência, desde 2006, a AES Sul tem procurado disseminar seus valores por toda a empresa, estabelecer suas estratégias e objetivos, definir seus processos críticos, divulgando-os para que haja união de esforços para cumprir a missão e atingir a visão da companhia. Nesse sentido, foram realizadas diversas reuniões com os colaboradores e feito um mapa de aprendizado dos conceitos do MEG para que cada colaborador tivesse claro o que deve fazer. "Tentamos levar de forma lúdica o conhecimento a eles, para que a adesão dos colaboradores fosse a melhor possível e que a cultura da eficiência fosse disseminada", destaca o diretor-geral da AES Sul, Antonio Carlos de Oliveira.

Inovação e sustentabilidade são dois pilares da cultura corporativa. A AES Sul tornou-se a primeira distribuidora do Brasil a usar postes de fibra de vidro reforçada com poliéster para linhas de subtransmissão. Com isso, obteve ganhos de instalação, como menor custo e redução do tempo de execução do projeto. Para instalar um poste de fibra, o tempo pode ser até 37,5% menor em relação às tradicionais torres de aço. Os primeiros postes foram utilizados em maio de 2012. Desde então a empresa deixou de emitir mais de 450 toneladas de CO2 em consequência da utilização do material inovador.

Os postes ainda não sofrem corrosão, reduzem os custos de manutenção, pois não precisam de pintura e inspeções tão frequentes. Também não sofrem o impacto causado por pássaros e insetos. "Mais de cem quilômetros já foram implementados com essa inovação, e a tendência é de que mais investimentos sejam feitos com postes de fibra quando for a melhor tecnologia disponível."

O custo de instalação dos postes de fibra é mais baixo do que os de madeira. Enquanto se usam seis caminhões para fixar os postes de madeira, nos de fibra, são usados entre três ou quatro, já que o peso dos postes é menor. Em 2013, a AES Sul construiu aproximadamente 100 km de rede de transmissão utilizando postes de fibra. Como isso, economizou 19% no valor das obras, o que representou economia de R$ 2,8 milhões. A inovação foi premiada em um prêmio global interno da empresa.

Para estimular estudos de melhoria de processos, o Grupo AES mantém o programa AES Performance Excelence (Apex), uma iniciativa global que visa disseminar a cultura de excelência e melhoria contínua na organização, estimulando a busca por melhores resultados de maneira estruturada e sustentável. Anualmente, a área de melhoria contínua da AES Brasil organiza um evento de reconhecimento aos melhores projetos realizados. Durante a competição, são selecionadas oito iniciativas finalistas, que são apresentadas ao corpo de jurados, composto pela alta liderança, que seleciona os três projetos vencedores.

"Forma lúdica de transmissão do conhecimento contribui para a adesão dos colaboradores à cultura da eficiência"

Em 2013, a AES Sul inscreveu dez projetos no Apex Brasil, sendo que o projeto de utilização de postes de fibra de vidro foi o primeiro colocado. Utilizar fibra, em vez de madeira, aço ou concreto, proporcionou redução de 25% no custo final do trabalho. As estruturas feitas desse material também reduzem o impacto ambiental e são resistentes a fungos e ao fogo.

O envolvimento dos colaboradores é essencial na prestação do serviço. A Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor em horas (DEC), um dos indicadores usados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para avaliar as empresas, teve queda de 30% em cinco anos. Em 2013, a empresa ficou entre as melhores no prêmio Abradee. Os investimentos anuais são de em torno de R$ 200 milhões, com foco na melhoria da rede e atendimento à carga.

O contato com os clientes tem ficado mais próximo. Em 2013, foi lançado o portal da loja virtual, proporcionando ao cliente a visualização das informações sobre o cadastro e a possibilidade de solicitação de serviços via internet. A AES Sul implementou ainda um sistema proativo de Serviço de Mensagens Curtas (SMS), que avisa o cliente sobre a programação ou o cancelamento de uma manutenção preventiva na rede elétrica. Além disso, a concessionária ampliou a capacidade de atendimento da Unidade de Resposta Audível do Call Center para a forma ativa, pela qual o cliente é informado antecipadamente o corte de energia.

Dos R$ 100 milhões aplicados no primeiro semestre desse ano, R$ 56 milhões foram para manutenção e modernização da rede, em obras como troca de postes, reformas, regulagem do nível de tensão, construção de alimentadores (circuitos elétricos de média tensão) e extensão de rede para novas ligações de energia. Desde 2012, a empresa investe na maior automação de rede, com a instalação de religadores automáticos e controles telecomandados, o que tem contribui para cortar 10% dos custos.

Com a rede mais automatizada, ganha-se precisão para avaliar os problemas que podem ser corrigidos remotamente ou então pode-se despachar a viatura mais próxima da ocorrência. As redes inteligentes de energia estão em estudo pela concessionária, que ainda observa o projeto piloto do grupo no Brasil: a AES Eletropaulo, que atua na região metropolitana, está finalizando a aquisição de 65 mil medidores inteligentes que serão instalados em Barueri (SP).

A AES Sul mantém diversas atividade sociais. Entre elas, destaca-se a de regularização de clientes, para atendimento das comunidades de baixo poder aquisitivo. Além da regularização das ligações, o programa educa o consumidor para o uso seguro e adequado da energia elétrica. Também identifica residências que necessitam de ações de eficiência energética, tais como reformas nas instalações elétricas, substituição de lâmpadas e de geladeiras em estado precário por modelos eficientes (com o selo Procel A) e instalação de chuveiros inteligentes. Em 2013, foi dado início ao quarto ciclo do programa, cuja meta é regularizar 2.500 famílias, beneficiando 10 mil pessoas entre 2013 e 2015, com investimento de R$ 19 milhões nos três anos. Só em 2013, o investimento foi de R$ 6,8 milhões. As regularizações beneficiaram 480 famílias, ou aproximadamente 2.400 pessoas.


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