Fundada pelos médicos e irmãos Fernando e David Pares, a healthtech Isa passa por um momento de crescimento acelerado nos últimos meses. Em agosto, anunciou a captação de R$ 60 milhões, montante que acaba de ser estendido para R$ 90 milhões, e agora faz a sua primeira aquisição.
A empresa comprou a Saúde C, startup que nasceu em 2020 no auge na pandemia de Covid-19. Como proposta, oferece serviços de cuidados hospitalares em casa com enfermeiros, médicos, terapeutas ocupacionais e ainda tem uma central de telemedicina. O valor da transação não foi revelado.
A negociação ocorre em um momento em que a Isa procura expandir os seus serviços. A empresa entrou no mercado em 2018 com exames laboratoriais como de sangue, expandiu para vacinas ao longo da pandemia da Covid-19 e, recentemente, começou a agregar mais opções.
A visão dos irmãos é de que 70% das demandas do pronto-socorro poderiam ser resolvidas em casa, seja com atendimentos presenciais ou à distância.
Para isso, a startup criou em meados deste ano a “Isa Care”, iniciativa com serviços hoje concentrados nos hospitais. Inclui, por exemplo, a aplicação de antibióticos e de outros medicamentos, tratamento de feridas e exames físicos, como medir a pressão e saturação dos pacientes.
“A gente já levava uma parte da clínica para a casa dos clientes e começamos a levar uma parte do hospital também”, afirma Fernando Pares, co-fundador e CEO. A ampliação de escopo fez com que a startup, antes conhecida como “Isa Lab”, aposentasse o “Lab”.
As duas healthtechs já executavam algumas ações em conjunto e, na hora ir à mercado, a startup de homecare foi a primeira opção da Isa. O negócio apresentava alto potencial de complementaridade e baixo índice de sobreposição nas atividades que desempenham.
A Isa, por exemplo, tem uma melhor infraestrutura tecnológica para gerir os enfermeiros e motoboys autônomos que fazem parte do seu sistema. Consegue acompanhar os procedimentos de “perto” a partir de protocolos em seu aplicativo, no qual o funcionário precisa compartilhar localização, fotos do atendimento e responder a questionários.
Por outro lado, a Saúde C já oferecia os serviços hospitalares em casa e reunia profissionais de diversas áreas como fisioterapia, fonoaudiólogo e psicologo. Uma carência, no entanto, era a base digital e melhores mecanismos para gerir os atendimentos que estavam sendo prestados. Assim, firmaram o match.
Com a transação, a healthtech absorve um time de 40 profissionais e ganha um sócio, Alberto Ciccone, fundador da Saúde C e que será responsável por liderar a área comercial de toda a operação.
Engenheiro eletricista de formação, o executivo atua desde 2004 no segmento de saúde e acumula passagens por empresas como Fleury, Sírio-Libanês, Accenture e Dasa.
Em meio à pandemia, resolveu empreender. Pegou os conselhos que dava aos seus clientes quando atuava na consultoria e os aplicou na prática. “Eu costumo dizer que não tive investidores-anjo, tive clientes-anjo”, afirma sobre a rápida aceitação do seu modelo de negócios pelos antigos clientes como operadoras de planos de saúde.
“Nós crescemos muito rapidamente e chegamos ao primeiro milhão em faturamento em cerca de 6 meses”.
Quando começava a olhar para o mercado para dar vazão ao crescimento da empresa e fazer capital de giro, a Isa chegou com a proposta.
Em seu pouco tempo de vida, a Saúde C cuidava de cerca de 150 mil vidas, contabilizando clientes oriundos de planos de saúde e de empresas de telemedicina. Por mês, conduzia cerca de 2 mil atendimentos de clientes distribuídos por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Na nova posição e empresa, Ciccone mira alto. “A gente vai ser até o final do ano que vem a maior empresa de saúde em casa do Brasil. Eu acredito realmente nisso”, diz.
O otimismo está baseado na integração das operações. Desde que o negócio foi concluído há cerca de 50 dias, a Isa expandiu o seu mercado regionalmente, saindo de 7 para 10 estados onde consegue oferecer os seus serviços, entre eles Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba e Ceará. E, nos próximos dois anos, a meta é estar em todos os estados.
A conta considera o principal negócio da Isa, que é a oferta dos seus produtos para empresas como planos de saúde, laboratórios, redes de farmácias e hospitais – o famoso B2B, formato que responde por 80% do faturamento.
Os outros 20% vêm da disponibilização dos procedimentos diretamente aos consumidores finais. Essa operação caminha mais devagar, está presente em três estados e tem chegado entre seis a nove meses depois da unidade de negócios mais relevante.
Para este ano, a healthtech prevê dobrar o tamanho do negócio em relação ao ano de 2021. A empresa não abriu o faturamento atual.