A Fundação Nacional da Qualidade completa 23 anos de existência em 2014 promovendo mudanças para acompanhar a evolução do cenário econômico e social brasileiro e internacional.
A entidade modificou os critérios do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), que serve como base para o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), e a própria premiação, dando continuidade a um histórico de constantes atualizações. O MEG foi modificado em 2013, quando ganhou sua 20ª versão, enquanto a certificação chega neste ano à sua 23ª edição. "A atualização é importante porque é preciso acompanhar e também provocar as mudanças. A FNQ se destaca dos demais modelos abrangidos pelo Global Excellence Model Council (GEM), conselho dos modelos globais, por esse motivo", diz Jairo Martins, superintendente geral da FNQ. "O cenário mudou e hoje não dá mais para fazer um planejamento valer por cinco anos. Ele tem que ser revisitado todo dia."
O processo de avaliação para escolha dos premiados com o PNQ, segundo Martins, tornou-se mais rígido e justo. A principal alteração foi que todas as empresas que participam de cada ciclo agora passam a ser avaliadas in loco pelos examinadores. Antes, eles decidiam se a empresa devia ser visitada ou não a partir da pontuação que ela alcançava, com base no relato organizacional que encaminhava à FNQ. "Desta vez, até pela volatilidade do mercado, decidimos que todas as inscritas devem ser visitadas, o que deixou o processo mais justo", diz Martins. As empresas participantes receberão também o Diagnóstico de Maturidade da Gestão reformulado. Participaram da edição do PNQ deste ano 22 organizações, das quais 20 grandes empresas, uma de médio porte e uma sem fins lucrativos, localizadas em 15 Estados.
Os 200 profissionais voluntários que compõem a banca avaliadora a cada ciclo utilizam o MEG para avaliar a gestão das inscritas. As empresas são classificadas de acordo com uma pontuação que indica o nível de maturidade da gestão, com base nas suas práticas de gestão e resultados organizacionais. O modelo é bastante eclético e abrangente, destinando-se a melhorar a gestão de empresas de todos os portes, de diferentes tipos de negócio e também no setor público. "A FNQ tem como meta transferir o conhecimento em gestão para que as empresas se tornem capacitadas a até se autoavaliarem", diz Martins. A FNQ oferece durante o ano todo cursos de capacitação sobre os critérios de excelência.
"O Modelo de Excelência da Gestão é o maior reconhecimento à excelência em gestão empresarial no Brasil e está em sintonia com as melhores práticas globais. Ao longo de 23 anos, a fundação agrega algumas das melhores mentes brasileiras na geração de conhecimento sobre gestão corporativa, tornando-se uma referência", diz Paulo Stark, CEO e presidente da Siemens no Brasil e conselheiro da FNQ. Para ele, esse conhecimento consolidado, a partir de grande número de experiências relevantes, fornece uma base comparativa sólida para que as empresas no Brasil possam comparar seus processos com modelos consagrados, de forma rápida e estruturada, o que amplia as possibilidades de melhorar seu desempenho.
No cenário empresarial brasileiro, observa Stark, a qualidade em gestão tornou-se nos últimos anos o grande diferencial das empresas que buscam competitividade. "Por isso, o modelo de gestão da FNQ é empregado como referência para avaliação do desempenho e implementação de melhorias nas empresas, principalmente por aquelas inseridas nos setores mais concorridos, em que os desafios enfrentados a cada dia são crescentes e complexos", afirma o executivo. Para ele, o modelo desenvolvido pela fundação é uma importante ferramenta que orienta a forma de avaliar as corporações, além de definir o quanto elas estão preparadas para responder a seus desafios.
O presidente da Siemens considera a certificação importante por gerar melhor desempenho e competitividade para as empresas. A divisão de telecomunicação da Siemens recebeu o PNQ em 1998. "Estar entre as organizações mais conceituadas em termos de excelência em gestão é sinônimo de boas práticas, o que se reflete na confiança de clientes e parceiros e, consequentemente, no negócio da empresa", afirma Stark. "Além do reconhecimento externo, ao seguir os critérios estabelecidos pela FNQ, a gestão inovadora nos processos organizacionais acaba por gerar melhor desempenho e, consequentemente, maior competitividade."
Para Osório Adriano Neto, conselheiro da FNQ e presidente da Brasal, grupo com atuação em Goiás e Minas Gerais, nos setores de incorporação imobiliária, fabricação de bebidas, revenda de veículos e postos de combustíveis, o MEG é o principal instrumento para disseminar o conhecimento sobre gestão. "O modelo é atualizado periodicamente com as melhores práticas do mundo todo. As empresas reconhecidas com o PNQ podem ser consideradas empresas de classe mundial", diz Adriano Neto. A Brasal adota o modelo de gestão desde 2003 e foi premiada com o PNQ em 2009. "Você acaba crescendo muito nesse processo. A avaliação mostra seus pontos fortes e fracos, indica onde você deve melhorar", afirma.
Já a Elektro, distribuidora de energia controlada pela espanhola Iberdrola, com atuação nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, conseguiu, nos últimos três anos, ganho de 22% em eficiência de custos operacionais, equivalente a R$ 100 milhões, com a adoção do modelo de gestão da FNQ, segundo Marcio Fernandes, presidente da empresa e também conselheiro da FNQ.
O executivo considera a FNQ um grande parceiro para evolução contínua das empresas. Segundo ele, o critério referente a processos, contido no MEG, é especialmente importante para o setor de energia, porque permite melhora dos indicadores de continuidade dos serviços. A Elektro adota o modelo desde 2007 e já foi premiada duas vezes, em 2010 e 2013.
Para Carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e conselheiro da FNQ, a importância do trabalho da entidade está na conscientização dos empresários sobre a relevância de se elevar a qualidade dos produtos e processos, em busca da excelência na gestão. "A criação do prêmio mantém viva essa dinâmica e a disseminação dos conceitos de qualidade dos processos e produtos e de excelência na gestão", diz Santos. Para o Sebrae, a metodologia de autoavaliação das empresas concorrentes à premiação estimula essas melhorias, o que repercute na maior competitividade dos pequenos negócios. "Com essa premiação, os pequenos negócios selecionados podem vislumbrar essa perspectiva e se empenhar para superar os desafios da produtividade, qualidade e gestão", diz.
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