De doze amostras analisadas, foi indicada a variante BQ.1 como responsável pela infecção em quatro dos dez profissionais de saúde testados e também em um paciente. Esses são os primeiros resultados do estudo do Hospital Moinhos de Vento, em parceria com o Center for Disease Control and Prevention (CDC) do governo dos Estados Unidos, para a vigilância genômica do SARS-CoV-2 em profissionais de saúde e pacientes hospitalizados. A pesquisa teve início no dia 7 de novembro deste ano e também identificou a presença da variante CK.1, que até o momento não havia sido encontrada no Brasil.
O sequenciamento e análise da pesquisa é toda realizada pela equipe do Hospital Moinhos de Vento. “A presença da BQ.1 em cerca de 40% das amostras era esperada, pois sabemos que quando uma nova variante é identificada, ela já está disseminada há mais tempo na população”, afirma Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento.
Zavascki, infectologista que coordena o estudo, destaca ainda que esse achado vem conjugado com o aumento do número de casos e positividade de exames observados, principalmente, nas duas últimas semanas.
O impacto da CK.1, que também é uma variante da ômicron, encontrada na pesquisa, ainda é difícil de mensurar segundo o biólogo molecular Tiago Finger Andreis, membro da equipe do estudo e responsável pelo sequenciamento das amostras no Laboratório de Genética e Biologia Molecular do Hospital Moinhos de Vento. ”Há poucos relatos desta variante no mundo. Então somente com o andamento do estudo poderemos ver se ela assumirá algum papel de relevância na transmissão do vírus”, ressalta.
A pesquisa faz parte do projeto Global Action in Healthcare Network (GAIHN), uma rede mundial criada pelo CDC, com o objetivo de aprimorar a vigilância e o diagnóstico de infecções em vários países. Futuramente, mais hospitais serão incluídos no estudo como forma de contribuir para o monitoramento da evolução da pandemia e do vírus no país.
Também participam da equipe de pesquisa no Brasil, o professor Vlademir Cantarelli, da Health Security Partners (HSP), organização responsável pela implementação da rede GAIHN no Brasil; a biomédica Flávia Brust do Hospital de São Paulo (HSP); e o infectologista Marcelo Bitelo do Hospital Unimed Vale do Sinos.