Quando a pandemia de Covid-19 surgiu o mundo se deparava com outro cenário na área da saúde. Não se discutia o impacto das vacinas, as consultas médicas ainda eram restritas aos consultórios e pouco se falava em telemedicina. Se por um lado, e infelizmente, a pandemia trouxe a perda de milhões de vidas, por outro, possibilitou reflexões importantes para a estrutura de saúde e, principalmente, para inovações tecnológicas que podem beneficiar a vida dos pacientes.
Hoje, por exemplo, o contato com o médico acontece onde o paciente desejar, graças ao atendimento a distância. Antes da pandemia, debates sobre o autocuidado e a saúde mental estavam até presentes, mas não pareciam fazer tanto sentido. Já no atual cenário, é extremamente necessário ampliarmos os atendimentos, tratamentos e formas de oferecer serviços com essa finalidade.
Neste sentido, olhar para as tendências de saúde é um convite para aprofundar a discussão sobre a melhoria do acesso, bem como os caminhos já disponíveis para proporcionar soluções positivas a todos – sejam eles pacientes, profissionais de saúde, médicos e empresas.
Uma via muito robusta, e que seguirá cada vez mais forte, é a da digitalização na saúde. Segundo estudo de análise de negócio da CB Insights, a aceleração da transformação digital já corresponde a 40% do mercado global do setor, por meio da atuação de startups e de outros players digitais.
Com isso, veremos cada vez mais a Inteligência Artificial em diversos campos da saúde. Prontuários eletrônicos inteligentes, que traduzem e relatam o histórico do paciente, além de dispositivos em exames e cirurgias complexas, que auxiliam a tomada de decisão do médico. São exemplos de soluções em expansão e que unem recursos digitais à prática clínica.
No campo da Internet of Medical Things – Internet das Coisas Médicas –, os gadgets, smartphones, ou wearables como os relógios digitais, apoiam o monitoramento da saúde, os hábitos saudáveis e a identificação de sintomas importantes da jornada do paciente.
Com esses dispositivos, a telemedicina está sendo ampliada com a adição de laudos à distância, diagnósticos online e, futuramente, exames como o eletrocardiograma a partir de aparelhos móveis. E tudo isso será fomentado pela presença do 5G, tornando o processo mais assertivo, ágil e dinâmico para usuários e especialistas. Ainda que nada substitua o contato humano e a presença do médico, esse é um caminho importantíssimo para a saúde chegar a áreas remotas. Quando olhamos para um país continental como o nosso, isso representa um avanço na qualidade de vida das pessoas e na economia para os sistemas de saúde.
Softwares de gestão, que unificam as áreas administrativas e de atendimento em um só ambiente digital, também têm sido aprimorados e sinalizam celeridade para que os especialistas foquem naquilo que mais importa: o cuidado com as vidas. O profissional da medicina se beneficiará cada vez mais da realidade virtual – na aprendizagem do ofício e no tratamento das pessoas.
Todos esses avanços incidem na melhoria de pesquisas e estudos comportamentais, gerando fluxos de dados que contribuem para a formação de tendências e de cenários, auxiliando na previsibilidade de acontecimentos e até mesmo de futuras pandemias. Saúde é cada vez mais o tema prioritário, e é incrível observar a evolução dos recursos disponíveis.
Como vários desses avanços se aceleraram durante a maior pandemia dos últimos 100 anos, isso demonstra que, nas crises, o que faz a diferença é como as enfrentamos. E que a tecnologia nos ajuda a simplificar, agilizar e tornar mais eficiente nossa operação, tendo as pessoas no centro do trabalho.
*Luiz Paulo Tostes Coimbra é presidente da Unimed Nacional.