Médicos de São Paulo vão
suspender nesta sexta-feira (14) o
atendimento a dez planos de saúde do estado. São eles: Intermédica, GreenLine, NotreDame, Ameplan, CET, Correios, Trasmontano Saúde, Associação Auxiliadora das Classes Laboriosas, Cruz Azul Saúde e Economus. O protesto é de apenas um dia.
Segundo o presidente da
Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, os médicos que atendem a esses planos de saúde foram orientados a só atender pacientes em casos de emergência ou urgência, cirurgias previamente marcadas ou que tenham doenças crônicas ou consideradas mais graves. “A paralisação é somente para consultas eletivas, de rotina, e em que não haja risco adiá-la por alguns dias”, disse.
O universo de usuários desses planos, disse Meinão, é estimado em 4 milhões de pessoas. “É uma paralisação parcial apenas com relação aos usuários de algumas empresas, dez ao todo, que se negaram a negociar conosco ou negociaram sem apresentar qualquer proposta de reajuste para os médicos neste ano”, disse o presidente da associação hoje, em entrevista à
Agência Brasil. “Essas empresas, ao não negociarem, colocam em risco o atendimento de seus usuários”, acrescentou.
Meinão disse que, atualmente, os médicos de São Paulo recebem, em média, entre R$ 50 e R$ 60 por consulta, dependendo do plano de saúde. A intenção é que esse valor chegue pelo menos a R$ 100 para cobrir os custos e repor a inflação. “Entendemos que o valor deveria ser o mesmo para todas [as operadoras de planos de saúde]. Solicitamos R$ 100 por consulta e isso porque, se olharmos o que se perdeu ao longo dos últimos anos, isso iria repor pelo menos a inflação nesse período de perdas. E também solicitamos que os honorários sejam pagos de maneira hierarquizada. A consulta é o procedimento básico. Mas há a cirurgia também e outros procedimentos [médicos]. Entendemos que deveria haver uma hierarquia, coisa que não vem acontecendo”, explicou o presidente da associação.
Segundo o presidente, o fato das operadoras se negarem a negociar com os médicos pode trazer prejuízos também aos usuários. “Hoje os usuários têm dificuldades para marcar consultas ou cirurgias, as emergências estão super lotadas e eles têm dificuldade de internação por falta de rede hospitalar. Isso tudo porque a remuneração de diversos prestadores ficou tão baixa que, no caso dos médicos, muitos deixaram seus consultórios ou deixaram de trabalhar com esses planos de saúde”, falou.
Suspensões
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou
a suspensão da comercialização de 65 planos de saúde de 16 operadoras. Entre eles estão o da Associação Auxiliadora das Classes Laboriosas, da Trasmontano e da GreenLine.
Procurada pela
Agência Brasil, o Grupo NotreDame Intermédica, responsável pelos planos de saúde NotreDame e Intermédica respondeu que o grupo vem mantendo contato com alguns órgãos de classe dos médicos para negociar e conciliar as reivindicações e que, no ano passado, reajustou em 100% os valores pagos aos profissionais credenciados.
“Informamos aos nossos clientes e usuários que a eventual paralisação do atendimento no próximo dia 14 de novembro de 2014 não alterará a rotina de atendimentos em toda a rede própria do Grupo NotreDame Intermédica, que está envidando esforços para que na rede credenciada também não ocorra nenhuma alteração”, diz a nota enviada pelo grupo.
Já a Ameplan respondeu que não iria se pronunciar sobre a paralisação.
A
Agência Brasil também tentou contato por telefone e/ou e-mail com todas as assessorias de imprensa ou centrais de atendimento dos demais planos de saúde, mas não obteve retorno ou não conseguiu ser atendida até o momento em que a reportagem foi publicada.
Empenho do setor
Ao comentar a nova suspensão de planos de saúde, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) avaliou que a redução do número de operadoras punidas demonstra empenho do setor em corrigir imperfeições no atendimento. Ao todo, foram suspensos 65 planos de 16 operadoras.
A entidade, que representa mais de 40% do mercado de assistência à saúde, citou iniciativas como levar informação ao consumidor, desenvolver tecnologias e aperfeiçoar o atendimento em call centers e ouvidorias como algumas das ações tomadas pelo setor na tentativa de melhorar a qualidade do atendimento prestado.
Ao citar dados da própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a FenaSaúde destacou que o número absoluto de reclamações de consumidores passou de 8.578, em outubro de 2013, para 4.818, em junho deste ano – uma redução de 50,7%. “Como houve expansão do número de beneficiários, o índice cai a menos da metade”, acrescentou.
Recentemente, a federação lançou a plataforma Plano de Saúde – O que Saber, que inclui, entre outros canais, o Guia do Consumidor, com a finalidade de informar os direitos assegurados pela Lei 9.656/98 e as normas estabelecidas pela ANS. O guia pode ser obtido para download gratuito no site
planodesaudeoquesaber.com.br.