Autoridade em saúde do Reino Unido fala de compaixão na promoção da Saúde
10/11/2022

Na abertura do Conahp 2022, Nigel Crisp exalta importância de um cuidado holístico recomenda ao novo governo promoção de saúde e bem-estar para garantir prosperidade

Abrindo a versão online do Conahp 2022 nesta segunda-feira (7), Nigel Crisp, membro da House of Lords, ex-diretor-executivo do NHS e ex-secretário de Saúde do Reino Unido, falou sobre importância da atenção para o cuidado do paciente, além das portas da clínica: entendendo a comunidade, seus anseios, suas dificuldades e a correlação das áreas como educação, segurança e até a natureza como agentes de promoção da saúde.

Sob o tema “O mundo de cabeça para baixo novamente – saúde global em uma época de pandemias, mudanças climáticas e tumultos políticos”, Crisp, que coincidentemente está positivo à Covid-19, destacou que a pandemia escancarou problemas em nível global, como a desigualdade, seja no acesso a tratamentos, seja no acesso a vacinas.

Conforme o britânico, a pandemia também demostrou a união e fluidez no trabalho público e privado. “Mas vimos que precisamos focar nas pessoas e não nos governos”, reiterou o ex-secretário, que se intitulou uma pessoa independente dentro do parlamento britânico.

Para ele, a saúde é um assunto que ultrapassa fronteiras, perpassa as comunidades, a sociedade, e desponta para a influência global. “Com esse novo governo eleito no Brasil, esperamos ter uma melhora.”

Crisp defendeu que o cuidado envolva mais do que as doenças, e comece na prevenção, por meio do conhecimento das comunidades onde as pessoas habitam, por meio da avaliação de necessidades locais e com compaixão, e não por imposição de métodos pré-estabelecidos nas salas dos mistérios.

Para exemplificar essa forma de promoção à saúde, que ele chamou de holística, citou casos do Reunido Unido em que escola, polícia e comunidade pensaram e resolveram juntos seus problemas, como a incidência em áreas mais pobres de depressão perinatal. Com o tempo, conforme disse o britânico, os filhos destas mulheres estavam na escola e longe da criminalidade. “Os relacionamentos estão acima do sistema”, defendeu.

Ele ainda afirmou que os grandes hospitais podem aprender com os países mais pobres, para a promoção de uma saúde centrada no indivíduo, escutando o que a população local tem a dizer.

Para isso, o britânico citou modelos brasileiros que se aproximam da comunidade para promover cuidado. “Essa ideia está se espalhando”, afirmou. Mas, dentro das universidades, Crisp entende que os profissionais do século 21 devem ser esses agentes de mudança e superar o ensino de como era antes. E ainda fez um alerta sobre as tecnologias do futuro como medicina artificial. “Lógico que existe as habilidades clínicas, mas deve haver mais espaço para compaixão e relacionamentos para influenciar pessoas, uma mudança dentro da cultura da medicina.”

A ecologia está no centro das discussões de Crisp como promotora de bem-estar. “Criar a saúde, a prevenção, e entender as causas de doenças, entram na questão de ecologia.”

De acordo com ele, essa é uma das formas de se criar condições para que as pessoas estejam saudáveis. “Existem evidências médicas que relacionam nosso bem-estar com o acesso à natureza, como a prevenção do Alzheimer. O isolamento social também pode ser prejudicial para a saúde mental.”

Crisp ainda opinou sobre o que pode ser útil no Brasil, dadas suas experiências no Reino Unido e África. “Se eu fosse conselheiro do presidente eleito, eu diria que bem-estar e saúde são a base da prosperidade de um povo, além de outras áreas que promovem bem-estar. Mas, no âmbito da saúde, existe muita coisa a ser feita como condição mínima. Saúde e prosperidade nem sempre é uma questão da economia. A proteção da Amazônia está relacionada com a saúde no Brasil. Aliás, a COP27 discute isso este ano.”

Sob o tema “Saúde 2022: a mudança que o Brasil precisa”, o principal congresso na área da saúde no país continua com a programação até 11 de novembro e terá três dias exclusivamente online e dois presenciais, com foco no reencontro e participação de lideranças e tomadores de decisão do setor, incluindo lideranças internacionais.

Fechando o Conahp, Arthur Chioro, ex-ministro da Saúde e membro da transição do governo Lula, fala sobre as perspectivas do setor no para os próximos quatro anos.

Fonte: Anahp




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