Sob o tema “O papel dos fundos de investimentos na saúde x crescimento sustentável do setor”, participantes debateram os principais desafios para o crescimento e a expansão dos negócios
Visto até poucos anos atrás com preconceito, os fundos de investimento na saúde vêm assumindo relevância no setor, visando, mesmo que em um contexto recente em comparação aos outros mercados, contribuir para a sustentabilidade das instituições. O tema foi debatido nesta terça-feira (8) durante o Conahp 2022.
A mesa redonda, mediada pelo presidente da Comissão Científica do congresso e CMO da Amil, Charles Soleyman, contou com especialistas da área que discutiram, entre outros assuntos, os desafios em um cenário de grande fragmentação na oferta de serviço, no tamanho dos hospitais e no desafio de conciliar escalas e padrões a fim de preservar a qualidade assistencial.
Para Bruno Silva, Senior Research Analyst and Partner da Squadra Investimentos, participante da mesa, é fundamental ter o reconhecimento de que a contribuição do mercado financeiro é positiva para a sustentabilidade do setor como um todo. “Não existe sustentabilidade de forma geral se não tiver sustentabilidade financeira”, destacou.
Segundo o especialista, empresas do ramo da saúde que buscam a consolidação do negócio podem obter inúmeras vantagens que irão, necessariamente, refletir na melhora do atendimento de seus pacientes.
“O crescimento em escala, por exemplo, pode trazer economia na aquisição de leitos, ampliar a capacidade de negociação para garantir reajustes e novos credenciamentos que preservem a sustentabilidade financeira, além de facilitar o acesso ao capital para investimentos tecnológicos, entre outros benefícios”, frisou Bruno.
Para isso, é fundamental compreender que o interesse do mercado financeiro está nos grupos que querem crescer e expandir. Trazendo como exemplo o case da Rede Mater Dei de Saúde, representada no debate pelo diretor de Operações, José Henrique Salvador, para atrair capital, a companhia se voltou para dentro com foco em aperfeiçoar todos os pontos e garantir que a visão da empresa era completamente alinhada com a estruturação da governança e com as estratégias e plataformas de gestão.
“Ao entendermos que conseguimos formar quadros institucionais que carregam nossa filosofia e pessoas que clamam por crescimento e novas oportunidades, que o que fazemos tem valor, sentimos que estávamos prontos para colocar em prática um plano sólido de expansão, visando crescimento a médio e longo prazo”, pontuou.
Para José Henrique, o crescimento de uma empresa da saúde depende de um alinhamento profundo entre sua missão e seus objetivos. “É colocar o paciente no centro do cuidado e o cuidado no centro do negócio”, completou.
O especialista informou que a abertura do capital da Mater Dei proporcionou melhorias na gestão e nas questões relacionadas às decisões da empresa, que passaram a ser embasadas por dados de investidores, além da ampliação da visão de mercado em um modelo de parceria que fornece todo o suporte necessário para que a empresa siga expandindo sem impactar sua sustentabilidade financeira.
De acordo com os participantes, neste aspecto, os fundos de investimento são de extrema importância para que as instituições consigam gerar governança mais eficaz e ganhar escala.
Para fechar o debate desta terça-feira, Rodrigo Feitosa, presidente do Conselho Administrativo do Grupo Kora Saúde, ressaltou a importância de olhar para o futuro do negócio tendo como pano de fundo um trabalho minucioso de planejamento e preservação dos valores da empresa em todas as esferas.
O especialista explicou que um dos primeiros elementos que pautou a companhia em seu plano de expansão foi a garantia de contar com um grupo de médicos que comungasse dos valores da empresa para compor o núcleo de gestão. O objetivo da Kora, de acordo com Rodrigo, foi buscar o equilíbrio entre medicina de excelência, nível de serviço elevado e, claro, a sustentabilidade financeira.
“Em nosso setor, não podemos olhar apenas para as metas financeiras, pois se há o desequilíbrio entre esses 3 pontos, não conseguiremos manter a qualidade assistencial. Só teremos sucesso no que fazemos se fizermos de forma sustentável e preservando o bem mais precioso: a saúde do paciente”, finalizou.