O Dia do Médico é uma ótima oportunidade para relembrarmos o papel do profissional diante dos pacientes e frente a sociedade. A data tem origem cristã e foi escolhida em referência ao Dia de São Lucas. O padroeiro da Medicina viveu no Século I, e de lá para cá muita coisa mudou, inclusive no exercício da profissão médica. Do cuidado empírico à revolução científica, estamos sempre olhando para o futuro e pensando de que maneira a ciência pode contribuir para os avanços.
A tecnologia tem papel fundamental nisso, através da inteligência artificial, sistemas de automação e robôs que auxiliam na cirurgia, por exemplo. Mas e para o futuro, qual será o papel deste médico frente as novas tecnologias?
Segundo um estudo da Deloitte, 55% dos médicos apontam que o desenvolvimento tecnológico como cloud, análise preditiva, automação, inteligência artificial, compartilhamento de dados, interoperabilidade e 5G estão entre as tendências de maior impacto sobre a saúde para os próximos 5 a 10 anos.
Apesar da projeção relativamente longa, a movimentação vem de agora. O “novo médico” não será substituído pela máquina, como muitos temem, mas terá o auxílio dela para a construção do cuidado.
Torna-se um pré-requisito da profissão, o conhecimento e uso de softwares e aplicações no dia a dia que conectam computador, celulares, smartwaches e outras ferramentas que possibilitam acompanhamento e monitoramento de dados.
O que virá por aí exigirá uma imersão total neste mundo, tendo claro o ponto de vista do especialista para a tomada de decisão e a humanização do atendimento. O paciente munido de informação se torna coparticipante de seu cuidado, enquanto o médico passa a ser um tutor e curador do tratamento, confirmando e justificando as condutas. Isso representa uma grande diferença da medicina do passado, em que o médico detinha todo o conhecimento.
O profissional médico do futuro se sente estimulado no compartilhamento correto das informações e acostumado a questionamentos frequentes de alternativas de cuidado por parte de seus pacientes. Essa equivalência de relacionamento médico-paciente e o acesso a mecanismos de divulgação, força uma cautela e disponibilidade maior por parte daqueles que escolhem dedicar suas vidas ao cuidado do próximo.
O impacto da tecnologia na profissão médica requer lidar com riscos frequentes sobre a responsabilização por erros humanos versus não humanos, custos de uma determinada contribuição tecnológica versus soluções custo-efetivas mais prioritárias e questões de segurança de dados.
Além disso, há também o aspecto psicológico que o impacto da tecnologia proporciona à vida médica. A possibilidade de estar em constante contato com questões de trabalho e desempenhar papéis à distância pode por um lado aumentar as possibilidades de contribuição do profissional e diversificar sua atuação, mas por outro estimular uma cultura de trabalho frequente (já predominante na profissão) sem tanto espaço para lazer e higiene mental e vida pessoal.
Por fim, há motivos para acreditar que a nossa profissão, no “amanhã”, trará ainda mais a prevenção antes da doença, evitando quadros crônicos. Inclusive fortalecendo uma cultura de autocuidado, médicos como promotores de saúde (e de sua própria saúde), tanto para sua melhor organização e performance na rotina de atendimentos como para exemplo a seus próprios pacientes.