Nos dois anos anteriores, neste mesmo Dia do Médico, profissionais da saúde enfrentavam uma rotina estressante de combate ao coronavírus, mostrando ao mundo que estavam preparados para lidar com uma situação de exceção. Hoje, devido ao sucesso das vacinas, os hospitais registram números baixos de internações, bem como de casos graves de Covid e, enfim, as pessoas retomaram suas rotinas. Após um longo período tenebroso, agora com mais calma, podemos refletir sobre o aprendizado que a pandemia trouxe.

Para nós, médicos, foram meses de muito trabalho e de tristezas a cada paciente que se foi. Também não foram poucas as vezes em que choramos a perda de um colega de trabalho. Entre 2020 e 2021, segundo o Conselho Federal de Medicina, 893 médicos morreram no enfrentamento da Covid-19 no Brasil. Em paralelo a toda essa dor e ao trabalho ininterrupto, ocorreram mudanças que vieram para ficar.

Observamos a consolidação de novos paradigmas que trouxeram benefícios. Um dos principais exemplos é a telemedicina. Não há mais dúvidas de que essa modalidade facilita o acesso ao cuidado médico. Uma opção útil que possibilita o atendimento domiciliar e reduz o fluxo nos pronto atendimentos.

De junho de 2021 a junho deste ano, apenas 7,38% (21.135) dos beneficiários da Unimed Nacional que foram atendidos primeiramente pelo serviço de telemedicina procuraram pelo atendimento físico em até 48 horas. Isso significa que mais de 92% dos casos foram solucionados à distância. Dados assim ratificam que médicos e gestores da saúde, seja pública ou privada, não podem mais ignorar as vantagens que a modalidade oferece. Usada de forma correta, a telemedicina contribui para racionalizar o uso dos recursos do setor (que são limitados), levando aos hospitais os casos que realmente exigem cuidado hospitalar.

 

Mais do que uma forma de reduzir custos, a telemedicina é uma importante ferramenta para melhorar o cuidado com o paciente. Entretanto, como ocorre com a incorporação de qualquer nova tecnologia, é preciso que os médicos estejam preparados para extrair o melhor do seu uso. É necessário que sejam seguidos rigorosos protocolos de procedimento e que essa modalidade seja incorporada nos currículos universitários.

Entretanto, se por um lado a pandemia consolidou uma nova tecnologia no dia a dia do médico; por outro, talvez deixe como principal legado a intensificação da humanização na relação entre médico e sociedade. O mundo acompanhou a batalha que médicos e todos os profissionais de saúde enfrentaram para salvar vidas. Isso, sem dúvida nenhuma, humanizou uma profissão que lida com o que há de mais valioso nesse mundo: a vida.

Esses dois últimos anos mostraram a enorme responsabilidade que cai sobre os ombros de médicos e de todos os profissionais de saúde. A atuação de cada um deles mostrou que o nosso sistema de saúde, seja público ou privado, tem condições de responder as mais graves crises sanitárias. É importante os enaltecer, para que eles sirvam de exemplo e inspirem os futuros profissionais.

Luiz Paulo Tostes Coimbra é presidente da Unimed Nacional, responsável pela operação nacional da marca Unimed.