Após a aquisição de quase 30 laboratórios voltados à população da classe média, o Fleury está voltando às origens. A empresa de medicina diagnóstica está reposicionando os laboratórios da bandeira a+, marca mais popular que reúne as empresas compradas nos últimos anos, para atender o público de renda média alta. E as unidades abertas nos próximos anos serão das três marcas premium do grupo: Fleury, em São Paulo, Felippe Mattoso, no Rio de Janeiro, e Weinmann, no sul do país.
Nos últimos três anos, o Fleury fechou quase 50 unidades a+ localizadas, principalmente, no Rio, onde o Fleury investiu mais de R$ 1 bilhão há quatro anos, quando comprou a rede Labs, do grupo D'Or. Já nas marcas premium, o movimento foi o contrário.
Atualmente, a prioridade número um do Fleury é aumentar a rentabilidade. E o segmento em que a empresa, tradicionalmente, sabe ganhar dinheiro é o premium. Nos últimos anos, enquanto estava focada no segmento popular, surgiram concorrentes de peso como os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês que roubaram uma fatia do mercado de medicina diagnóstica do Fleury.
Para retomar sua posição, o Fleury está investindo fortemente em pesquisa e inovação como, por exemplo, em sequenciamento de genoma, testes genéticos e personalizados, além de estudos oncológicos. A companhia acaba de fechar um financiamento de R$ 155 milhões com Finep para pesquisa e desenvolvimento (P&D) para o período de 2014 a 2016. No ciclo anterior (2012/2013), o investimento em P&D ficou em R$ 11,9 milhões e entre 2009 e 2011, o financiamento do Finep foi de R$ 7,1 milhões.
"Para conseguir um porte relevante e presença nacional investimos em várias aquisições. Pudemos abrir o capital. A companhia passou por momentos distintos. Hoje, buscamos rentabilidade sem deixar de lado a nossa qualidade e o reconhecimento médico", disse ontem Carlos Marinelli, presidente do Fleury, em evento organizado pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento (Apimec).
Nos próximos dois anos, a companhia vai investir R$ 100 milhões para abrir três unidades do Fleury em São Paulo. Também estão previstos novos laboratórios de Felippe Mattoso e Weinmann
O mercado de medicina diagnóstica na região metropolitana de São Paulo movimenta cerca de R$ 4,5 bilhões, sendo que o grupo Fleury detém uma fatia de 25%. Segundo a empresa, a categoria premium tem potencial para movimentar R$ 2,2 bilhões e o segmento intermediário alto (para o consumidor de renda média alta), R$ 900 milhões. "Há esse potencial de expansão devido à abertura de novas unidades ou mudança de planos de saúde. Um exemplo: abrimos uma unidade Fleury na avenida Braz Leme [na zona norte de São Paulo] e já no primeiro mês a demanda foi 40% acima do esperado", disse João Patah, diretor de relações com investidores do Fleury.
No Rio de Janeiro, o mercado de medicina diagnóstica é avaliado em R$ 1,8 bilhão, sendo que o Fleury detém uma fatia de 20%. Segundo a companhia, há possibilidades de a categoria mais elevada movimentar R$ 360 milhões e o segmento imediatamente abaixo, R$ 720 milhões. O Fleury é dono de 9% do mercado de medicina diagnóstica em Porto Alegre, que movimenta R$ 600 milhões, por ano. Já em Curitiba, são R$ 500 milhões, com fatia de 3% para o Fleury.
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