As Unimeds reduziram em cerca de 20% o investimento em novos leitos hospitalares neste ano. A projeção inicial era investir cerca de R$ 370 milhões para acrescentar 743 leitos à rede própria das cooperativas médicas. Porém, o sistema Unimed vai encerrar o ano com 584 novos leitos, que demandarão recursos de R$ 292 milhões. Essas unidades ficam em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Tocantins e Rondônia.
Desde janeiro foram entregues 463 leitos e outros 121 serão inaugurados pela Unimed Grande Florianópolis em novembro.
A desaceleração deve se manter em 2015, quando estão previstos apenas 330 novos leitos para internação em Goiás, Paraná e São Paulo. Em 2013, foram inaugurados 649 leitos. O investimento médio em cada leito é de R$ 500 mil, incluindo os custos do terreno, obras e equipamentos médicos.
Segundo João Luís Moreira Saad, diretor administrativo da Unimed Brasil, há possibilidade de alguns investimentos não realizados neste ano serem realocados para 2015. "Além disso, uma das nossas prioridades no ano que vem é o investimento na qualificação de pessoal e aumento na remuneração dos médicos associados", disse Saad.
Segundo a Unimed Brasil, entidade que congrega as cooperativas médicas, o principal motivo para essa desaceleração é o remanejamento dos recursos, que antes destinavam-se à expansão, para as provisões exigidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As operadoras tiveram um prazo, entre 2009 e 2014, para se adequar às normas da agências reguladora.
As operadoras de planos de saúde são obrigadas a fazer reservas financeiras para cobrir, por exemplo, as despesas que os hospitais não incluíram na conta do paciente e que são cobradas posteriormente - provisão conhecida, no setor de saúde, como Peona. O valor dessa "despesa adicional" pode ser equivalente à despesa acumulada em uma ou duas semanas da operadora de planos de saúde.
Vale destacar, no entanto, que esse movimento não ocorre em todas as cooperativas médicas. Na Unimed-BH, a maior do segmento, não houve mudança nos planos de expansão. A Unimed-Rio abriu no ano passado seu primeiro hospital próprio com 219 leitos.
O sistema Unimed, que reúne cerca de 300 cooperativas médicas, conta com 8,2 mil leitos distribuídos em 107 hospitais próprios. A taxa média de ocupação dos hospitais das cooperativas médicas é de 80% - patamar considerado limite no setor. As cooperativas médicas conseguem um custo menor ao trabalharem com uma rede própria. Um exemplo: a despesa média por internação para as Unimeds, em planos coletivos, é de R$ 2.546,53. Já as seguradoras de saúde, cuja legislação não permite que tenham rede própria, pagam R$ 6.185,59 em média por uma internação, de acordo com dados da ANS.
As Unimeds devem encerrar o ano com uma alta de 10% a 12% no faturamento, que atingiu R$ 43,7 bilhões em 2013. Porém, segundo o presidente da Unimed Brasil, Eudes de Freitas Aquino, as perspectivas não são tão otimistas porque os custos médicos têm crescido em patamares similares ao da receita. "A margem do setor é muito baixa, entre 2% a 3%. Além disso, é crescente o problema da judicialização na saúde", disse Aquino.
Em 2013, as seis maiores cooperativas registraram perdas de R$ 18 milhões com liminares judiciais obtidas por usuários de planos que reivindicaram coberturas médicas não autorizadas.
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