Atraso no diagnóstico representa 38,3% das reclamações de pacientes
21/09/2022

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a ocorrência de eventos adversos devido a cuidados inseguros é provavelmente uma das 10 principais causas de morte e incapacidade no mundo. Globalmente, até 4 em cada 10 pacientes são prejudicados nos cuidados de saúde primários e ambulatoriais. Até 80% dos danos são evitáveis. Os erros mais prejudiciais estão relacionados ao diagnóstico, prescrição e uso de medicamentos. Sendo que 38,3% das reclamações dos pacientes estão relacionadas ao atraso no diagnóstico.

Os laboratórios clínicos desempenham um papel importante na tomada de decisões médicas e os avanços trazem melhorias assim como complexidades. Diagnóstico preciso é condição fundamental para tratar pacientes. Segundo estudos, cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em resultados de exames laboratoriais, o que demonstra sua importância na cadeia assistencial. Para a SBPC/ML, os testes laboratoriais produzem informações importantes para prognóstico, diagnóstico, prevenção e estabelecimento de riscos referentes a diversas patologias e na definição de terapias personalizadas, e são minimamente invasivos para os pacientes.

 

“Mas para o exame ser efetivo, é preciso que o pedido do exame seja correto, pois o mau gerenciamento na utilização de procedimentos laboratoriais gera o risco de subdiagnóstico e de subtratamento, elevando o custo assistencial”, comenta Fábio Brazão, presidente da SBPC/ML. Outro aspecto é a importância dos laboratórios na indicação de tratamentos na medicina personalizada, e lembrar que a subutilização de exames pode trazer prejuízos para os desfechos clínicos.

Além da relevância dos exames laboratoriais como protagonistas do diagnóstico clínico, é preciso também avaliar possíveis riscos para prevenir erros laboratoriais. Na área da saúde, os programas de acreditação são os melhores marcadores de um prestador que oferece serviço utilizando as melhores práticas.

Prevenindo erros

O primeiro passo, para a acreditação, é conhecer profundamente os diversos processos que possam direta ou indiretamente afetar os pacientes, como por exemplo: atendimento ao cliente, coleta de exames, preparo e identificação das amostras, transporte, realização dos exames, análise dos resultados, incluindo supply chain e tecnologia da informação, dentre outros. Nesta etapa é importante envolver os profissionais que executam as atividades, lideranças e a gestão da qualidade.

O Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC) surgiu pela necessidade de prevenção e minimização da ocorrência de erros nas várias etapas dos processos nas fases: pré, analítica e pós-analítica. A SBPC/ML, baseada em modelos de outros países, criou a primeira versão da norma em 1988, surgindo como uma iniciativa de garantia da qualidade e de estímulo à melhoria contínua nos laboratórios clínicos brasileiros.

Atualmente, existem 184 laboratórios acreditados pelo PALC. “Eles definem que os maiores benefícios representados pelo programa são a melhoria da organização interna, o aumento do controle sobre os processos, garantia da qualidade dos resultados dos exames, redução de falhas, retrabalho e maior eficiência e consequente redução de custos”, explica Guilherme Oliveira, diretor de qualidade da SBPC/ML e responsável pelo PALC.

O laboratório que é acreditado pelo PALC oferece muitos benefícios, entre eles estão a redução do desperdício e retrabalho; o fornecimento, aos clientes, de uma evidência concreta da sua preocupação com a qualidade dos exames oferecidos e permitir aos clientes comparar os serviços e ter garantia/segurança de resultados adequados.

A norma PALC é atualizada periodicamente e os requisitos da Norma PALC “sempre representam o estado da arte do laboratório clínico quando ela é elaborada; a cada nova edição são acrescentados novos requisitos, incluindo segurança do paciente, gestão de riscos e, recentemente, governança clínica e proteção de dados”, pontua o médico.

No caso da Norma PALC 2021, conforme definido por Guilherme Ferreira, ela está harmonizada com as melhores práticas internacionais em medicina laboratorial, incluindo: Diretrizes da OMS, legislações e regulamentos nacionais, normas aceitas internacionalmente, como a ISO, CAP e CLSI e ISQUA.

A norma atualizada agrega valor aos laboratórios acreditados, provocando o aprimoramento continuado do Sistema de Gestão destas organizações, visando maior competitividade, sustentabilidade, regularidade frente à legislação e regulamentos e ganhos efetivos para a segurança dos pacientes.





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