Conjuntura e políticas públicas valorizam mais os especialistas
27/10/2014

O avanço do setor de saúde suplementar, que atende cerca de 25% da população, aliado à ausência de políticas públicas estruturadas para a saúde tem acentuado no Brasil uma hiper valorização do médico especialista em detrimento do profissional capaz de atender diversos tipos de enfermidades. Segundo o estudo "Demografia Médica no Brasil", lançado em fevereiro de 2013, por meio de uma parceria entre o CFM (Conselho Federal de Medicina) e o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), dos 388.015 médicos em atividade, 53,57% (207.879) possuíam uma ou mais especialidade enquanto os demais 46,43% (180.136) não possuíam qualquer título, ou seja, saíram direto para o mercado de trabalho logo após concluírem os seis anos da faculdade, sem cumprir a carga mínima de residência médica.

Segundo Mauro Luiz de Brito Ribeiro, 1º vice-presidente do CFM, há na área acadêmica estudos que demonstram que apenas cinco entre 1000 casos de atendimento exigem a presença de um especialista. "Mas hoje o estudante já entra na faculdade pensando em uma especialização. Ao mesmo tempo, especialidades como clínica médica e cirurgia geral, não foram valorizadas por políticas públicas e se tornaram apenas pré-requisitos obrigatórios para especializações que propiciam melhor remuneração."

 

 

Desde 2002, a legislação classifica 53 especialidades médicas, entre as quais Clínica Médica e Medicina de Família e Comunidade, que ainda hoje são confundidas com a figura do "médico de família". Segundo o CFM, os médicos sem titulação são considerados "generalistas", ou seja, sem especialização, mas aptos a trabalhar em postos de saúde ou em prefeituras. Segundo Florentino Cardoso, presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), o desinteresse pelas especialidades mais gerais, como Clínica Médica, é provocada pela falta de uma política de valorização por parte das autoridades. "Em qualquer prefeitura, um especialista em Clínica Médica, que fez dois anos de Residência, ganha o mesmo que um generalista", diz.

Soma-se à falta de incentivos, diz Ribeiro, do CFM, a cultura já enraizada na população, fruto da expansão dos planos de saúde complementar, que oferecem ao cliente uma diversificada oferta de médicos especialistas. "A população passa a não confiar no generalista". Para Milton de Arruda Martins, professor de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, além da questão salarial, os futuros médicos vislumbram especialidades que proporcionem jornadas menos desgastantes. "As especialidades mais procuradas são Dermatologia e Radiologia", afirma. Martins defende uma valorização do profissional que tenha o conhecimento primário de várias áreas, como cardiologia e endocrinologia.



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