A humanidade vive um período de transição da medicina 4.0 para a medicina 5.0. A primeira foi marcada pela chegada da tecnologia no tratamento da saúde das pessoas. O impacto foi grande, com o advento de recursos como a telemedicina. Uma nova era, porém, já está em curso. A principal característica da medicina 5.0 será a conectividade, que atingirá seu auge com a implantação da rede 5G. Impressionantes, a velocidade de transmissão e a capacidade de armazenamento permitirão o desenvolvimento do que já chamamos de internet médica das coisas.
Embora a fase anterior tenha sido marcada por grandes avanços, a medicina 5.0 chega para revolucionar o setor, com novidades ainda mais impactantes.
“A pandemia adiantou processos da tecnologia em todas as áreas e na medicina também. A impossibilidade de contato físico fez com que outras formas de tecnologia ainda incipientes se acelerassem para prestar atendimento ao paciente. E a telemedicina, por exemplo, foi a primeira. Agora com a chegada da internet 5G, as distâncias serão cada vez mais curtas. Até então, a gente falava de consultas virtuais, mas em um futuro não muito distante teremos também cirurgias à distância”, destaca o Dr. Gabriel Redondano, diretor-presidente do GCA (Grupo Care Anestesia).
Quando foi idealizada, explica o Dr. Gabriel, a cirurgia robótica previa situações de socorro em guerras. Um robô no Oriente Médio poderia ser manipulado por um cirurgião nos Estados Unidos. Em território americano, o médico teria condições de operar um soldado ferido no campo de batalha. “Só que a velocidade da internet impossibilitava isso. Com a chegada do 5G, não apenas em uma guerra, mas também em uma cirurgia eletiva, será possível um médico operar com um console no Brasil, tendo o auxílio de um cirurgião, referência no assunto, o ajudando de qualquer parte do mundo. A influência positiva será gigante”, prevê o Dr. Redondano.
Inteligência artificial no diagnóstico
A cirurgia à distância, porém, é apenas uma das possibilidades geradas pela medicina 5.0. Um exemplo é a inteligência artificial (IA), que poderá ser utilizada em muitas áreas do diagnóstico. “Em uma tomografia ou em uma ressonância, por exemplo, a inteligência artificial será empregada para aumentar de forma significativa a sensibilidade do diagnóstico de um exame por imagem. Já temos atualmente monitores na anestesia que indicam uma tendência. Eles me avisam alguns minutos antes que o paciente vai ter uma queda de pressão. Isso só é possível por conta de análises de alterações com o emprego de IA, que é capaz de notar mudanças impossíveis de serem detectadas pelo olho humano”, afirma.
A anestesia – área de atuação do Dr. Gabriel Redondano – será impactada com a melhoria dos monitores. “A avaliação pré-anestésica vai ter mais qualidade com a rede 5G”, afirma com convicção o diretor-presidente do GCA. “Alguns softwares vão informar até algum problema que o paciente possa ter só de fazer a leitura facial. É um ganho muito grande”, afirma o anestesiologista.
Os benefícios que estão por vir não vão alcançar apenas médicos e pacientes. Familiares terão acesso a mais informações sobre o estado de seus entes queridos durante uma cirurgia. “Na anestesia, a grande angústia da família do paciente é saber com a operação está ocorrendo. Acho que não será difícil que a tecnologia permita a criação de um avatar do paciente num metaverso. E assim o familiar poderá acompanhar o andamento de uma forma ilustrada. Lógico que não vai ver sangue na mesa, mas poderá ter um acompanhamento mais preciso de todo procedimento cirúrgico. Não deve demorar muito para acontecer”, prevê o Dr. Gabriel.
Internet das coisas
A internet das coisas na medicina vai explorar toda a capacidade dos “wearables”, termo em inglês que se refere a qualquer aparelho que o paciente pode vestir, usar ou carregar como um acessório. A sociedade ganhará acesso a aparelhos cada vez mais evoluídos, que terão a capacidade de fazer um contínuo monitoramento dos pacientes. Qualquer alteração, seja ela de pressão, de glicemia ou respiratória, será percebida e essa não será a única função do aparelho. “Se um Apple Watch, por exemplo, detectar uma arritmia, já fará contato com um serviço de emergência e solicitará o encaminhamento do usuário ao pronto-socorro, mesmo que ele não esteja sentindo nada. A internet das coisas vai revolucionar o sistema de diagnóstico e de acompanhamento clínico”, garante o Dr. Gabriel Redondano.
Embora os avanços recentes sejam impressionantes em diversas áreas, o doutor afirma que a medicina 5.0 será chocante, com uma movimentação muito maior do que a anterior: “A medicina 4.0 teve uma revolução, mas ela foi mais de fixação de conteúdo. Todo mundo que tem filho pequeno já ligou para um pediatra para pedir uma opinião. Essa era a telemedicina de 40 anos atrás. Na medicina 5.0, teremos a velocidade de informação, a possibilidade de desenvolvimento de outras técnicas de cirurgia à distância e muitas outras inovações. Por exemplo, se o médico fizer um Face Time com o paciente, ele terá algoritmos que verão se a pessoa tem algum sinal de depressão, deficiência cardíaca ou respiratória”.
Acolhimento é essencial
Os avanços que estão chegando são tão impressionantes que é até difícil de imaginá-los. Mas o Dr. Gabriel Redondano faz uma ressalva importante: “Seja qual for a tecnologia, a gente tem que entender que ela vem para agregar valor e aumentar o cuidado. Não é porque o médico está à distância que o cuidado será relegado. Será possível levar o conhecimento que se tem em grandes centros do mundo a áreas mais remotas e isso é fantástico. Isso mostra que a tecnologia vem para encurtar distâncias. Nunca devemos pensar que ela veio para afastar as pessoas. Ela vai levar mais chances de tratamento a pacientes que não tinham acesso a uma medicina de ponta. O acolhimento é o mais importante na relação entre um médico e seu paciente e um número maior de pessoas poderão ser acolhidas com a velocidade da medicina 5.0.”