O acesso à saúde sempre foi um problema global onde os que mais sofrem são os que estão longe dos grandes centros urbanos. Mas e se fosse possível ter a participação dos melhores especialistas em cirurgias de risco, não importa onde elas sejam realizadas?

O metaverso tem o potencial de melhorar todos os aspectos da saúde, viabilizando principalmente procedimentos cirúrgicos complicados.

Recentemente médicos pesquisadores do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo, realizaram uma cirurgia em um boneco hiper-realista de um bebê. A diferença é que a assistente foi a doutora Geex – um avatar na forma de um holograma – e o procedimento foi realizado no Metaverso.

Primeira simulação do tipo no mundo, a neurocirurgiã pediátrica Giselle Coelho usou um óculos de realidade virtual ao conduzir a biópsia de um tumor cerebral por endoscopia.

Na Europa o Metaverso também tem sido usado com sucesso, tanto que em maio uma cirurgia real de câncer de mama ocorreu remotamente. O cirurgião Pedro Gouveia estava em Lisboa com o paciente e Rogelio Andrés-Luna o orientou a 900 quilômetros de distância em Zaragoza, na Espanha.

Graças ao ambiente, a operação ocorreu como se os dois cirurgiões estivessem na mesma sala. O Dr. Gouveia usou os óculos de realidade mista Hololens 2 e ele não só conseguiu ver o paciente à sua frente, mas também ler informações projetadas na lente interna dos óculos.

Mais um pioneiro em cirurgias no metaverso, o médico vem usando os óculos Hololens para realizar cirurgias de câncer de mama há algum tempo. E ele desenvolveu uma metodologia digital não invasiva que permite localizar o tumor como se o tecido mamário ao redor fosse invisível.

É, literalmente, a tecnologia à serviço da vida. Com o HoloLens 2, os profissionais de saúde podem se conectar com especialistas remotos, acessar dados de pacientes e ir além dos raios-x, consultando imagens de exames em 3D como ressonâncias magnéticas.

A plataforma torna fácil a colaboração remota e em tempo real, possibilitando receber conselhos de colegas especialistas e acessar anotações médicas e radiografias de pacientes instantaneamente no ponto de atendimento.

As simulações no metaverso também são uma maneira segura para os médicos em treinamento aprimorarem seu ofício e enfrentarem vários desafios e complicações técnicas.

Mas como é possível colocar tantas inovações em prática? O que aconteceria se houvesse um atraso na informação? Como os cirurgiões sincronizam suas ações com vários segundos decorridos entre o que um estava fazendo e o outro vendo?

Os recursos da Web 3.0, como inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual e a Internet das Coisas são importantes, mas o que tornou essas experiências reais foi a tecnologia 5G.

A quinta geração da tecnologia móvel de transmissão de informações é capaz de pulverizar a latência (atraso entre o envio e o recebimento de uma informação), a apenas alguns milissegundos.

Hoje as cirurgias no metaverso se resumem a avatares que ajudam cirurgiões reais. E, realmente realizar operações remotamente ainda está no campo das possibilidades.

Um dos esforços que têm mais destaque é a interação entre as realidades aumentada e virtual promovida pelo trabalho da Meta com o Reality Labs. A promessa é, literalmente, tocar o mundo virtual.

A equipe está desenvolvendo luvas que podem reproduzir uma gama de sensações reais como textura, pressão e vibração. O objetivo é que elas sejam usadas junto com um óculos e headset para uma experiência totalmente imersiva.

O metaverso permitirá expandir os serviços tradicionais de telemedicina. Nesse ambiente, os profissionais de saúde poderão efetivamente examinar pacientes virtualmente e diagnosticar suas condições. Inclusive de saúde mental.

Psiquiatras e psicoterapeutas podem usar as experiências imersivas no metaverso para tratar questões como transtornos de ansiedade, estresse e distúrbios alimentares.

Além disso, o ambiente pode fornecer acesso a cuidados de saúde mental para pessoas com deficiência, que lidam com barreiras geográficas para obter cuidados ou mesmo que não querem se identificar.

A Foretell Reality é uma plataforma de RA e RV com foco na colaboração e interação que oferece um espaço virtual para, por exemplo, promover terapias em grupo. O programa de telessaúde North-Star Care é um dos seus principais utilizadores, ajudando pessoas a se tratarem contra o abuso do álcool e outras substâncias.

Seus ambientes adaptáveis e avatares personalizáveis permitem experiências que incorporam tanto uma sensação de presença quanto de anonimato. Cada um escolhe as características físicas que deseja ter, um grande conforto para as pessoas que, de outra forma, não fariam terapia.

À medida que o Metaverso e novas tecnologias se desenvolvem, a realidade virtual e a telessaúde podem esperar grandes transformações na sua missão de levar cuidados e tratamentos ao máximo possível de pessoas.

*Luiz Alexandre Castanha é CEO da NextGen Learning.