O sequenciamento integral do genoma humano fará parte da realidade da medicina preditiva em um futuro próximo. Foi com esta afirmação que o cientista norte-americano Claude Bouchard encerrou sua participação no I Simpósio Internacional de Medicina Individualizada, promovido pelo Biogenetika, este mês. Para o pesquisador, este procedimento que há dois anos custava cerca de US$350mil, atualmente pode ser realizado por aproximadamente US$5mil.
"Hoje em dia, só é realizado um sequenciamento genético em situações complexas, mas a tendência é que, em médio prazo, o indivíduo faça logo após o nascimento. Desta maneira, teremos informações para a vida toda. Poderemos planejar ações preventivas e tratamentos assertivos", acrescenta o pesquisador, PhD pela The University of Texas.
A bioeconomia será responsável pela facilidade de acesso aos laudos genéticos, segundo a dermatopatologista certificado pelo Conselho licenciado na Califórnia, Michael Nova. O cientista acredita que nos próximos cinco anos, um sequenciamento genético deverá custar US$ 500 e ser disponibilizado na rede pública de saúde de países como Estados Unidos e Brasil. "Um estudo realizado, em 2009, aponta que os EUA gastam mais de US$ 1 bilhão anualmente com o controle de doenças crônicas, como diabetes e obesidade. Com o investimento nos laudos preditivos, este investimento cairá em, pelo menos, 50%", explica Nova, acrescentando que o grande desafio é sintetizar todas as informações disponíveis e interpretá-las com exatidão.
Os laudos genéticos já fazem parte da prática clínica para avaliar o risco de predisposição genética para doenças graves, além de também contribuir para apontar o metabolismo de remédios, carboidratos e gorduras. “O sequenciamento genético já é uma realidade médica. Existem diversos estudos, por exemplo, para identificar e caracterizar marcadores genéticos que mapeiam a saúde cardíaca da população brasileira”, afirma o cardiologista Alexandre Pereira, doutor pela Universidade de São Paulo (USP), explicando as razões para que um teste genético seja solicitado: diagnosticar uma doença genética, aconselhar famílias de pacientes com síndromes graves e prognóstico terapêutico. “Nenhum médico pode solicitar um perfil genético se não souber sua aplicabilidade técnica”.
A geneticista Lia Kubelka, diretora clínica do Biogenetika, ressalta a importância dos laudos genéticos como determinante para a eficácia da medicina individualizada. “De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 20% das mortes no Brasil são ocasionadas por tumores malignos, sendo que apenas 10% destes cânceres são oriundos de variações genéticas. A maioria dos casos são determinados por variáveis externas, como estilo de vida. Por isso e importante que um indivíduo conheça a sua predisposição genética e adote hábitos saudáveis com o intuito de não contribuir para o processo tumoral”, alerta a geneticista, explicando que o diagnóstico é cada dia mais rápido e preciso.
“Um tratamento não pode ser aplicado em todos os pacientes. E necessário respeitar as variações genéticas, conhecendo os polimorfismos e as mutações. Cada um e um ser único, e sua saúde também precisa ser tratada desta maneira”