O dado é relevante uma vez que erros relacionados à prescrição de medicamentos estão entre os maiores problemas da saúde relacionados à segurança do paciente em todo mundo. Apenas nos Estados Unidos, segundo a Organização Mundial da Saúde, há pelo menos um óbito por dia advindo dessa causa. Globalmente, os custos associados a erros de medicação têm um custo anual de US$ 42 bilhões, segundo o relatório.
Na prática clínica, as interações medicamentosas acontecem quando os efeitos esperados de um fármaco são modificados mediante a administração simultânea com outro fármaco ou com alimentos e bebidas. Isso pode desencadear diversos eventos de diferentes gravidades, como a redução da eficácia do tratamento, potencialização de efeitos adversos, piora no quadro clínico, aumento do período de internação, incapacidades físicas momentâneas ou permanentes e até o óbito.
De acordo com o estudo, a maior redução na quantidade de receitas com algum tipo de interação medicamentosa ocorreu entre o primeiro e o segundo mês (27,8%) após o início da digitalização das receitas médicas, o que pode reforçar sua efetividade no suporte à decisão clínica e ao ato prescritivo. Em proporções menores, a queda ainda segue nos meses seguintes.
O estudo também reforça a importância de se reunir evidências científicas que atestem os benefícios da aplicação das tecnologias no cotidiano clínico. Além disso, evidencia como a receita médica digital também atua como um suporte na educação e conscientização do prescritor, além da decisão clínica.
Metodologia
Os dados utilizados pela pesquisa foram obtidos por meio da área de inteligência de dados da então Nexodata, healthtech de receita médica digital que, em março de 2022, passou a se chamar Mevo. Foram consideradas apenas aquelas receitas que continham interações entre fármaco e fármaco, e classificadas segundo os níveis de gravidade.
Organizada em parceria com o Banco Mundial, esta edição especial do JBES é focada no tema Sustentabilidade e Eficiência do Sistema de Saúde Brasileiro. O artigo completo está disponível para consulta no Jornal Brasileiro de Economia da Saúde (JBES). Assinam o estudo Vanessa Gonçalves Pereira, Stéphanie Kazniakowski Guassi, Hugo Silva Pereira Mendes e André Marques dos Santos.