Fleury e Gávea desistem de negociar, enquanto Pátria avança em saúde
21/10/2014 - por Beth Koike | De São Paulo

Após sete meses de negociações exclusivas, o Fleury e a gestora Gávea não chegaram a um acordo para venda de uma fatia de 41,2% do capital da empresa de medicina diagnóstica.

O anúncio oficial foi feito ontem ao mercado, mas desde o início de agosto já era dado como certo que a transação havia fracassado devido a divergências com os fundadores do Hermes Pardini, que vendeu 30% do seu capital para o Gávea em 2011. A família Pardini considerou que seu negócio estava subavaliado e propôs uma elevação de preço da ordem de 20% a 30%, segundo fontes do setor.

As ações do Fleury fecharam o pregão de ontem com uma queda de 5,71%, cotadas a R$ 14,20. Este é o menor valor do papel desde outubro do ano passado. A forte desvalorização é justificada porque havia uma expectativa de um "tag along", dispositivo em que os minoritários têm os mesmos direitos dos demais acionistas em casos de transações envolvendo a aquisição do controle da companhia. O Gávea havia oferecido R$ 18,50 pela ação do Fleury.

 

 

O fracasso nas negociações com a Gávea - que liderava um consórcio robusto formado por investidores como o fundo soberano de Abu Dhabi, o Adia, e um fundo do Goldman Sachs - levanta dúvidas sobre quais outros investidores teriam condições de assinar um cheque tão alto pelo Fleury. Só a fatia de 41,2% da companhia era avaliada em cerca de R$ 1,2 bilhão.

No ano passado, os fundos americanos Carlyle e KKR, a inglesa Apax e o Pátria/Blackstone analisaram o Fleury. O Pátria foi até a última etapa antes de o Gávea fechar o contrato de exclusividade. Porém, há dúvidas se o Pátria retomaria a negociação, uma vez que acabou de fechar uma fusão com o Centro de Diagnósticos Brasil (CDB), rede que possui sete unidades laboratoriais em São Paulo. O negócio foi feito por meio da Alliar, empresa de medicina diagnóstica do Pátria que já fez mais de 10 aquisições.

Fundada há cerca de três anos, a Alliar fechou o ano passado com faturamento de R$ 400 milhões e tem cerca de 80 unidades, principalmente de exames de imagem, distribuídas em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Paraná e Paraíba.

Um dos questionamentos do mercado é se os médicos acionistas do Fleury vão continuar procurando um comprador ou se vão esperar uma retomada da companhia que desde o ano passado vem apresentando resultados fracos. A companhia vem passando por uma forte reestruturação, com mudança na estratégia do negócio e nomeação de um novo presidente.

O que motivou os acionistas a vender o controle do Fleury foi um empréstimo de R$ 150 milhões captado no Banco do Brasil no primeiro semestre de 2013. Mas, de lá para cá, a empresa não teve boa performance e, consequentemente, os dividendos têm sido insuficientes para pagar o empréstimo bancário.

Esse financiamento foi captado para adquirir as ações do Fleury que estavam nas mãos dos fundadores da Rede D'Or. O grupo hospitalar recebeu 8,4% das ações do Fleury, como parte do pagamento da venda de sua rede de laboratórios Lab's Dor em 2010. Os médicos acionistas do Fleury tinham preferência de compra e pagaram R$ 21 pelo papel.

 


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