Envelhecimento natural da população. Maior exposição a fatores de desgaste da visão, como telas de celular e computadores. A combinação dessas duas realidades faz ampliar o público que precisa de atendimento oftalmológico e tem levado à criação de grandes redes privadas especializadas em oftalmologia. Com o aporte de recursos de fundos de investimentos, essas redes vêm se expandindo através de aquisições de clínicas e pequenos hospitais espalhados pelo Brasil.
Além disso, clínicas e hospitais de olhos com uma gestão eficiente se colocam à frente nessa vitrine, conforme observa o sócio da Mitfokus, Tiago Lázaro. O processo de formação de grandes redes de oftalmologia também é constatado pela consultoria financeira especializada em saúde.
“É uma estratégia de alguns fundos de investimentos: constituir essas redes, para criar ativos econômicos nesse segmento da cadeia produtiva da saúde, a de oftalmologia, e, assim, atrair mais aportes de capitais”, avalia Lázaro.
Desse movimento três grupos estão se sobressaindo. São eles, a Opty, constituída há seis anos e presente nas cinco regiões brasileiras; a Vision One, atuando em seis estados e realizando 2,5 milhões de atendimentos por ano; e, mais recentemente, o Grupo Fleury, que, ano passado, adquiriu a tradicional Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha, da capital paulista.
A Opty tem como investidor o fundo de investimentos Pátria; por sua vez, a Vision One tem o aporte do fundo de Private Equity da XP. Já o Grupo Fleury é uma corporação do setor de saúde com ações negociadas na bolsa de valores.
“O que vemos agora, então, é que a especialidade de oftalmologia experimenta essa onda de fusões e aquisições que aconteceu em outros segmentos da saúde, como o de laboratórios e clínicas de imagem, entre outros. Mais do que nunca, uma gestão profissionalizada e eficiente na área financeira e contábil gera muito valor no processo de precificação desses negócios e é fundamental para que essa jornada seja tratada de maneira segura e sustentável”, sublinha o sócio da Mitfokus.
Esse movimento também vem sendo constatado pelo escritório Halembeck Barros Advogados Associados, de São Paulo, especializado em fusões e aquisições. De acordo com o sócio da empresa, Daniel Barros, os grupos interessados em promover essa expansão procuram por unidades que, além de uma simples consulta oftalmológica, possuem equipamentos mais modernos, para a realização de exames mais complexos e um centro cirúrgico para atender a demanda dos pacientes.
“Percebe-se essa predileção por clínicas ou hospitais que tenham capacidade cirúrgica. Quando isso não acontece, o grupo geralmente já dispõe, em sua área de abrangência, de centros cirúrgicos em sua rede”, assinala Barros.
Segundo a avaliação de Bruno Torres Herrerias, oftalmologista e sócio de uma clínica de olhos com atuação em Vinhedo (SP), a chegada dos grandes players se caracteriza como fator de impulsionamento de um novo momento para o setor. “Eles [os grandes players] chegam para aumentar a competividade e a qualidade dos serviços, forçando a profissionalização do mercado”.
O sócio da Mitfokus ressalta que independente do caminho a ser percorrido – venda ou crescimento – cada vez mais o mercado de oftalmologia buscará uma gestão profissionalizada e tecnológica. Munir-se de um bom sistema e de profissionais capacitados que conheçam a rota é um bom começo.