Um dado que merece atenção, mas ainda pouco se discute de forma ampla: a autogestão é o segmento do setor de saúde suplementar que conta com o maior número de idosos. Anualmente, o percentual de beneficiários com 60 anos ou mais continua aumentando nas autogestões, planos de saúde sem fins lucrativos, em que as próprias empresas administram os programas de assistência. Esta tendência é comprovada na Pesquisa Nacional Saúde UNIDAS 2022, realizada junto a 56 filiadas à União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (UNIDAS). Em 2017, os beneficiários idosos eram 22,88%; em 2021, este número pulou para 25,60%, um aumento 11,98%.
Com isso, os planos de saúde sem fins lucrativos têm, atualmente, a maior média de idade da saúde suplementar: 41,93. O índice de envelhecimento (Número de idosos, dividido pelo número de jovens até 14 anos, multiplicado por 100) também é recorde: 164,46%. Vale destacar que esse índice é maior do que no segmento de autogestão de modo geral (162,09%) e quase o dobro do indicador da saúde suplementar como um todo, que é de 73,23%.
A pesquisa da UNIDAS também constatou um aumento de 101,8% no número de centenários dentro das autogestões em cinco anos, passando de 4,35 a cada 10 mil beneficiários, em 2017, para 8,78, em 2021. O Sudeste é a região com maior número de centenários e as mulheres são mais longevas: a relação de pessoas com 100 anos de idade nas autogestões é de três mulheres para um homem.
“As autogestões concentram o maior número de idosos da saúde suplementar. Por isso, somos o segmento que mais cumpre o papel social de desonerar o Sistema Único de Saúde (SUS), já que, sabidamente, idosos utilizam muito mais serviços médicos do que a população mais jovem”, destaca o presidente da entidade, Anderson Mendes.
Informação preocupante que a pesquisa levantou é que quanto menor o porte da operadora, maior a média de índice de envelhecimento. “As autogestões com até 20 mil vidas possuem um índice de envelhecimento quase quatro vezes maior que a média da saúde suplementar. Por isso, temos batido na questão da equidade – as autogestões precisam ter um tratamento legislativo e regulador diferenciado, pois, além de não termos fins lucrativos, atendemos um público que só tem plano de saúde, porque está em uma autogestão. Se estas operadoras não existirem, os idosos irão engrossar a fila do sistema público, que já está sobrecarregado. Não podemos deixar que isto ocorra”, finaliza.