O que parecia futurístico tornou-se realidade no portfólio da Boston Scientific Brasil. Durante a primeira edição do Simpósio de Inovação BSB, realizado dias 26 e 27 de maio em São Paulo, a marca apresentou a HoloTable, equipamento que flerta com o metaverso e promete otimizar os treinamentos da área da saúde.
Enquanto a HotoTable projeta um holograma sobre sua superfície, os usuários usando óculos específicos que utilizam a tecnologia HoloLens, da Microsoft, interagem em uma realidade virtual mista e multiplayer. Isso significa que uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões, médicos auxiliares e enfermeiros, por exemplo, consegue simular em alta qualidade procedimentos complexos em pacientes avatares.
Os grandes diferenciais dessa solução, quando comparada com outras realidades virtuais já existentes no mercado, estão justamente nessas duas possibilidades: fazer com que mais de uma pessoa participe simultaneamente da simulação (mesmo estando em localizações diferentes) e garantir a coexistência do mundo real com o mundo virtual.
“Estamos trazendo algo realmente inovador e ainda não visto em nenhum lugar do mundo”, comenta Flávio Toledo, diretor da unidade de negócios Peripheral Interventions, responsável pelo desenvolvimento do projeto em parceria com especialistas em realidade virtual.
De acordo com Toledo, a imersão da equipe clínica nos procedimentos vai transformar a educação médica. “Poderemos, por exemplo, ter dois professores especialistas instalados em dois locais diferentes do mundo interagindo em um mesmo ambiente virtual e explicando o procedimento para outras dezenas de pessoas também espalhadas pelo globo. Isso porque os devices se conectam à internet e ainda contam com uma câmera que permite a transmissão do mundo real”, explica.
Com essa tecnologia, os ganhos são diversos. O primeiro deles está no acesso à educação de alta qualidade. Em países continentais, como o Brasil, nem sempre é possível garantir o mesmo nível de instrução a toda a classe médica nacional. Com essa tecnologia, torna-se muito mais simples levar o conhecimento a locais mais afastados. “Em um curto prazo, por meio da tecnologia, conseguiremos igualar o conhecimento em saúde”, detalha o diretor.
Sobre o lançamento da HoloTable, Eduardo Verges, presidente da Boston Scientific Brasil, fala com empolgação, já que a empresa tem como um de seus pilares, a ampliação do acesso à saúde e à educação. “A pandemia ajudou a acelerar muitos processos e tecnologias. As aulas virtuais são um exemplo. Acredito, agora, que teremos para sempre um modelo híbrido, que mescla os dois cenários”, declara. Esse modelo híbrido é justamente o que promete a HoloTable. “A ideia é sempre melhorarmos nosso serviço apoiando médicos e pacientes, trazendo mais eficiência ao sistema e encontrando soluções”, diz.
Quando menciona eficiência, Verges entra na questão dos investimentos. Uma solução como a HoloTable pode reduzir drasticamente os custos com treinamento ao eliminar a necessidade de deslocamentos amplos para a realização das aulas e workshops.
Durante o Simpósio de Inovação BSB, cerca de 90 médicos especialistas em cirurgia vascular e radiologia intervencionista puderam testar a HoloTable, que hoje simula três situações clínicas sendo tratadas com soluções da Boston Scientific: embolia pulmonar, hepatocarcinoma (câncer no fígado) e aterosclerose.
Para Arno Von Ristow, angiologista, cirurgião vascular, endovascular e especialista em angiorradiologia e em radiologia intervencionista, a HoloTable será muito relevante para o treinamento da medicina. “Com essa solução, os médicos conseguem manusear os equipamentos, podem ir e voltar no procedimento, sem de fato intervir no paciente. A solução muda a relação do médico com as tecnologias que utiliza no dia a dia. E, ainda mais incrível, é que nem mesmo precisam estar presentes juntos no mesmo local. Eu gostei muito”, comenta ele que leciona há mais de 40 anos e já treinou cerca de 85 residentes em sua especialidade.
Também com ampla expertise em treinamento de residentes, Cristina Riguetti, especialista em cirurgia endovascular, acredita que a gameficação é uma excelente forma de estímulo ao aprendizado. Desde 2010, Cristina desenvolve e coordena o Desafio Endocurso, programa voltado aos residentes de cirurgia endovascular que teve início no Rio de Janeiro e está, nesse momento, sendo expandido para o restante do país.
“O metaverso chega com tudo e permite que o treinamento seja simulado sem a intervenção direta no paciente. E isso é realmente muito legal”, diz ao fazer uma interessante comparação entre a HoloTable e os simuladores de voo, um dos processos responsáveis por fazer da indústria da aviação uma das mais seguras do mundo.
Reforçando a importância da educação nos processos de saúde, Edward Kim, diretor de oncologia intervencionista do Mount Sinai Medical Center, em Nova Iorque (EUA), também destacou as vantagens da HoloTable. “Esse é um tipo de processo que impacta 100% a segurança do paciente. Sabemos da colaboração entre a indústria e os profissionais de saúde para o desenvolvimento de tecnologias que melhorem a assistência. Porém, com a tecnologia pronta, os médicos precisam ser bem treinados e plataformas como a HoloTable proporcionam esse aprendizado”, explica ele que veio ao Brasil para lecionar no Simpósio de Inovação BSB.
As possibilidades de utilização da HoloTable ultrapassam as barreiras da educação na visão de Leonardo Lucas, cirurgião vascular que testou a solução durante o simpósio da Boston Scientific Brasil. “A HoloTable é sensacional. O que escutamos sobre o metaverso está ali representado. Não estamos mais pensando no futuro, estamos vivendo o futuro”, resume.
A Boston Scientific Brasil já está utilizando a HoloTable em seus workshops e pretende ampliar o uso para garantir que mais profissionais de saúde espalhados pelo Brasil possam passar pelo treinamento detalhado de seus produtos.