Embora o setor de saúde tenha sido palco frequente de fusões e aquisições entre grandes grupos de saúde, ainda há espaço para consolidação, especialmente com foco na jornada do paciente.
“Em um universo de quase R$ 500 bilhões em saúde assistencial, o setor ainda não teve nem 20% de seu mercado consolidado”, disse hoje Luciane Infanti, sócia e líder da consultoria EY-Parthenon para a América do Sul, durante a Live do Valor. “Temos aí grandes oportunidades [de fusões e aquisições]”, completou.
A mudança do olhar do setor, de um modelo baseado em eventos como cirurgias ou exames laboratoriais, para o acompanhamento da jornada do paciente também altera o movimento de fusões e aquisições do setor para diferentes perfis de empresas como hospitais, operadoras e laboratórios, por exemplo.
“Os ecossistemas de saúde baseados em cuidado têm como princípio manter integrada a informação sobre o paciente, o que torna o cuidado mais rápido e mais assertivo”, disse. “Quando antes consigo prevenir mais barato será o tratamento”.
Infanti ressalta que o compartilhamento e a integração de dados de cada paciente serão essenciais para que o setor possa prever a demanda de cada paciente reduzindo o custo alto do modelo atual. “Temos que olhar pra isso em termos de sustentabilidade financeira para a saúde. Do jeito que as coisas estão, a cada movimento a gente gera um custo”, alertou.
A regulamentação da telemedicina, durante a pandemia, ajudou a derrubar uma barreira para a saúde digital. Um levantamento feito pela consultoria mostra que, em algumas carteiras do setor de saúde privada, 78% dos pacientes fizeram ao menos uma teleconsulta ao longo da pandemia. Dentro desse grupo, 80% dos casos foram resolvidos na própria consulta por vídeo, 15% demandaram exames laboratoriais e somente 5% foram encaminhados a um pronto socorro.
O grande desafio proposto pelo sistema de saúde aberta (open health), além da integração entre os sistemas de saúde público e privado - que já ocorre, de certa forma, ao transacionar dados de saúde pública como testes de detecção da covid-19 - é o comportamento do usuário sobre seus dados, alertou Infanti.
“A gente guarda a informação financeira a sete chaves então precisa ter responsabilidade sobre a nossa informação de saúde”, aconselhou a especialista.