“Em um universo de quase R$ 500 bilhões em saúde assistencial, o setor ainda não teve nem 20% de seu mercado consolidado”, disse Infanti. “Temos aí grandes oportunidades [de fusões e aquisições]”, completou.
A mudança do olhar do setor, de um modelo baseado em eventos relacionados à doença, como cirurgias ou exames, para o acompanhamento da jornada do paciente, como foco em saúde primária e prevenção, é uma tendência que já vem sendo absorvida por grandes grupos, destacada por startups, e é ponto fundamental para a ampliação do acesso à saúde.
“Os ecossistemas de saúde baseados em cuidado têm como princípio manter integrada a informação sobre o paciente, o que torna o cuidado mais rápido e mais assertivo”, disse. “Quanto antes consigo prevenir mais barato será o tratamento”.
Infanti ressalta que o compartilhamento e a integração de dados de cada paciente serão essenciais para que o setor possa prever a demanda de cada pessoa, reduzindo o custo alto do modelo atual. “Temos que olhar pra isso em termos de sustentabilidade financeira para a saúde. Do jeito que as coisas estão, a cada movimento a gente gera um custo”, afirmou.
A tecnologia é o fio condutor desse processo e a pandemia acelerou seu desenvolvimento. A necessidade do isolamento social forçou o desenvolvimento da telemedicina, até então vista com resistência por médicos e pacientes.
Um levantamento feito pela EY mostra que, em algumas carteiras do setor de saúde privada, 78% dos pacientes fizeram ao menos uma teleconsulta ao longo da pandemia. Dentro desse grupo, 80% dos casos foram resolvidos na própria consulta por vídeo, 15% demandaram exames laboratoriais e somente 5% foram encaminhados a um pronto socorro.
Ela considera que a regulamentação da teleconsulta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), no mês passado, e o projeto de Unidade Básica de Saúde Digital, anunciado este mês pelo governo federal, são passos importantes nesse processo de digitalização.