Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) indicam que o país tem hoje 6.400 hospitais (públicos e privados). Os 135 hospitais-membros da associação registraram alta de 1,93% na receita líquida no primeiro bimestre de 2022 em comparação a igual período de 2021. Esse índice aponta para a volta de uma certa normalidade no segmento depois dos efeitos da variante ômicron do vírus de covid-19, no início do ano.
“Os hospitais registram a retomada de seus índices históricos de ocupação e isso se deve em grande parte ao retorno de procedimentos eletivos que haviam sido suspensos ou adiados no auge da pandemia. Dentro desse quadro também são retomados os projetos de expansão e melhorias de antes da pandemia”, diz Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp.
Ele acrescenta que essa retomada não deixa de ser afetada pelo atual quadro econômico, com inflação em alta e emprego em baixa, fatores que impedem um crescimento maior da saúde suplementar. “Mas não há porque não acreditar que o sistema de saúde suplementar não vá continuar crescendo, uma vez que a pandemia reforçou na população a conveniência de ter acesso a hospitais privados, para aqueles que podem”, avalia.
Se o momento exige cautela, também exige reação e algumas redes hospitalares continuam com seus planos de expansão. Caso do Hcor, de São Paulo, que fechou 2021 com obras entregues no valor de R$ 133 milhões, entre a inauguração do centro de cuidados em oncologia e hematologia, reformas em todas as unidades, e a expansão de mais de 3 mil m2 na unidade avançada de Cidade Jardim.
“Para 2022 está em curso um investimento de R$ 107 milhões para a continuidade nas reformas das unidades de internação, com mais 26 leitos, um centro de endoscopia e colonoscopia na unidade da Cidade Jardim”, conta Fernando Torelly, superintendente corporativo - CEO do Hcor. Para o período de 2023 a 2025 está previsto investimento de R$ 500 milhões para um novo bloco hospitalar na unidade do Paraíso, de alta complexidade em cardiologia, com mais 200 leitos. Torelly diz que o hospital foi impactado pela pandemia, mas conseguiu melhorar seus processos e assim não parou de investir, resultando em receita bruta, em 2021, de R$ 984 milhões, e estimativa de R$ 1,1 bilhão em 2022.
Outra rede que vem investindo pesadamente é a mineira Mater Dei, que iniciou suas operações em 1980, em Belo Horizonte. Há um ano, após a realização de um IPO e a partir de um investimento de R$ 2 bilhões, a rede viu o número de unidades aumentar em cinco hospitais, uma empresa de tecnologia da informação e crescer para os Estados de Pará, Bahia e Goiás.
“Estamos construindo um hospital de alta complexidade em Salvador (BA), a um custo de R$ 500 milhões. Uma parte já está em funcionamento, com 370 leitos”, conta Henrique Salvador, presidente da Mater Dei. Ainda este ano, conta, deve ser inaugurado um hospital em Belém (PA) e, em 2024, outro em Nova Lima (MG) com investimentos totais de R$ 340 milhões. Os resultados da expansão refletem no balanço. No primeiro trimestre, a receita líquida foi de R$ 343 milhões, alta de 51% em relação a igual período de 2021.
Para incrementar seu portfólio, o Sírio-Libanês investe em tecnologia no programa Saúde Corporativa, que auxilia as empresas na gestão da saúde de seus colaboradores e dependentes. A iniciativa começou há quatro anos dentro do próprio hospital, com o slogan “Cuidando de quem cuida”, e deu tão certo que se tornou um produto e hoje conta com nove clientes, entre eles os bancos Itaú, Santander e Votorantim, atendendo 170 mil vidas. “Tem crescido o interesse por esse tipo de atendimento que ajuda a prevenir a utilização desnecessária de recursos, promove um cuidado mais focado e de qualidade”, diz Daniel Greca, diretor de saúde populacional do Sírio.
A rede Santa Catarina, com nove hospitais em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Espirito Santo, focou sua expansão em serviços relacionados à pandemia. “Somente em São Paulo foram criadas cinco novas unidades: um centro médico com reabilitação pós-covid, que contempla assistência voltada a diversas especialidades, entre elas cardiologia e geriatria, três UTIs e a Unidade Respiratória Integrada”, diz Denilson de Santa Clara, diretor corporativo de saúde e assistência da rede.