“O planejamento estratégico pode distrair o estrategista”
O dinamismo da sociedade atual pede um planejamento estratégico em tempo real. A Fundação Dom Cabral aponta o caminho para a mudança do tradicional, com etapas definidas, para processos mais flexíveis e colaborativos
29/09/2014 - por Verena Souza
Você pode estar colocando um “gesso” sobre seus negócios ao seguir todas as etapas do tradicional planejamento estratégico. É o que defende a professora da Fundação Dom Cabral, Luciana Faluba, propondo uma nova maneira de planejar, mais adequada, segundo ela, ao momento atual do mercado. 

Muitas corporações caem nas armadilhas do clássico planejamento estratégico, que possui processos muito bem definidos, que levam tempo para serem operacionalizados, e muitas vezes as empresas acabam priorizando a maximização dos lucros e o critério de como o orçamento será gasto. 

Será que estamos entendendo que estratégia é igual a planejamento estratégico, indagou Luciana. Para a professora, o planejamento consiste em um processo de sistematização da estratégia, mas não ela em si. “Não se pode manualizar e amarrar o planejamento, pois corre-se o risco dele distrair o estrategista”, disse, propondo que o foco principal deva ser sempre o benefício efetivo para a sociedade. 

A plaquinha intacta na parede da empresa com as diretrizes e valores já não devem durar tanto, uma vez que o dinamismo do ambiente social, econômico e ambiental pedem uma revisão ou readequação constante. 

“É preciso sair do modelo de vagões e operar sob uma perspectiva mais sistêmica - sem o foco no controle da performance, mas com compromisso de performance”, explicou. Para isso, Luciana propõe a estratégia em tempo real. 
 
TRADICIONAL 
No modelo estruturado padrão, quatro etapas são seguidas e planejadas anualmente: Definição da Identidade Organizacional, Processo de Imersão Analítica, analisando o ambiente interno e externo; Modelagem Estratégica, definindo ações e custos dessas ações e Controle da Performance. 
Feita a modelagem e definida as ações, indicadores são estipulados e mensurações periódicas realizadas. “Este processo é engessado e lento e não combina com a velocidade de hoje”, afirmou. 

EM TEMPO REAL 
Sob a premissa de que as empresas estão deixando de serem organizações para tornarem-se organismos sociais e considerando a geração Millennial integrando o mercado de trabalho, a estratégia em tempo real é a ideal, de acordo com Luciana, pois contempla as quatro etapas sendo aplicadas, com a diferença de que são revisitadas a qualquer tempo. 
 
A Imersão Analítica, por exemplo, é suportada por uma área de *inteligência competitiva de dentro da organização, cuja função é analisar o ambiente de negócios tanto interno quanto externo e repassar informações. Já o processo de Modelagem Estratégica acontece por meio de **plataformas de engajamento, onde as pessoas podem conversar discutir e enviar ideias. “Dessa forma as estratégias de fato emergem a partir do que está acontecendo no momento. O canal tem que ser aberto e o caminho criado”. 

Tal flexibilidade permite que a identidade organizacional seja revista a partir da perspectiva atualizada do cliente. “E isso não tem que ter um prazo, acontece o tempo inteiro, de forma sistêmica e natural”. 




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