Software médico com diário do sono e gestão de medicamentos pelo celular, sincronização de dados sobre o sono com relógios inteligentes, histórico de dados sobre a rotina noturna, teleconsulta com terapeutas comportamentais com foco em insônia. Os dispositivos eletrônicos, que são considerados grandes vilões da insônia, passam também a ser importantes aliados no tratamento. O mercado de tecnologia do sono está crescendo: estimativas mostram que a receita global de dispositivos de tecnologia do sono aumentará de US$ 12,9 bilhões em 2020 para US$ 49,9 bilhões em 2030, proporcionando um cenário cada vez mais otimista para quem sofre com a insônia ao oferecer funcionalidades inovadoras complementares ao tratamento farmacológico.
Segundo pesquisa da Associação Brasileira do Sono (ABS), 73 milhões de pessoas sofrem de insônia no país. Em grandes cidades, como São Paulo, em que o ritmo de vida é muito agitado, os índices são ainda mais altos. Para driblar essa situação, muitos procuram por medicamentos, na maioria das vezes sem orientação médica. De acordo com dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a compra de remédios com a droga hemitartarato de zolpidem, um dos mais populares, cresceu desde o começo da pandemia em todos os estados do país.
Já a pesquisa realizada em 2021 pela SleepUp, plataforma de terapia digital para distúrbios do sono, 10% da população estava utilizando remédios para dormir todos os dias, e 35% dela não faziam acompanhamento médico. Segundo Ksdy Sousa, psicóloga do sono dessa startup, “remédios para dormir, se não devidamente prescritos e sob acompanhamento médico, podem gerar dependência, efeitos colaterais e consequências irreversíveis para a saúde, além de trazer tolerância, ou seja, podem ter seu efeito reduzido ao longo do tempo”.
O uso de aplicativos utilizado de forma complementar ao tratamento medicamentoso tanto pelos pacientes como pelos médicos permitem uma visualização dos avanços durante o tratamento, realizando o registro dos remédios e correlacionando-os com métricas de sono, bem como seus aspectos psicológicos.
E os resultados são apontados pela startup SleepUp que monitorou 28 pessoas que utilizaram o aplicativo por mais de 2 meses e eram usuários recorrentes de medicamentos. A melhora foi de 41% no índice de insônia – escala que mede as queixas de sono -, 40% no índice de higiene do sono – escala que mede comportamentos e hábitos inadequados sobre o sono – e 13% pontos percentuais na eficiência do sono – métrica que mede o tempo dormindo em relação ao tempo despendido na cama, atingindo 85%, considerado saudável.
Para Renata Bonaldi, CEO da SleepUp, o objetivo dessa tecnologia é beneficiar mais pessoas que já utilizam remédio para dormir e estão insatisfeitas com os resultados, ou desejam adotar um remédio digital e não farmacológico. “Estamos nos aproximando do espaço onde esse paciente está presente todos os meses: as farmácias. Nosso objetivo é estar presente nas maiores redes do Brasil, fazendo da farmácia um hub de atenção primária e de saúde integral do sono”. Atualmente, o aplicativo já é parceiro de redes de farmácias como a Panvel e a Indiana, que pretendem lançar a terapia digital da SleepUp nas próximas semanas.