É fundamental que a saúde agregue sempre as melhores e mais avançadas tecnologias, não apenas para aprimorar a qualidade dos serviços, mas também como meio de democratizar cada vez mais o acesso da população. Nunca é demais lembrar que a assistência médico-hospitalar é definida como direito de todos na Constituição do Brasil.
Assim, é estimulante observar que o setor é um dos que mais têm apresentado progressos em tecnologia e inovação nos últimos anos, acelerando seu ingresso na chamada Quarta Revolução Industrial. Esse avanço propiciará redução nos custos e economia de tempo, permitindo, assim, atender mais gente com os mesmos recursos. Também viabilizará o monitoramento remoto dos pacientes e cirurgias a distância, com a utilização de robôs. Algo que até pouco tempo atrás parecia ficção científica, vai se tornando realidade.
Tecnologias e plataformas revolucionárias pavimentam a caminhada da saúde rumo à Indústria 4.0: big data, que possibilita coletar e processar imensa quantidade de dados, bem como sua interpretação e cruzamento, algo impossível anteriormente; telemedicina, caracterizada pelo atendimento virtual, propiciando economia de tempo, deslocamentos e redução de custos; inteligência artificial, permitindo o “aprendizado” com dados pelos sistemas de tecnologia da informação e sua retroalimentação; internet das coisas, pela qual equipamentos, robôs e sistemas de computadores “conversam”, trocam dados e transmitem informações em tempo real; e a impressão 3D, que permite vislumbrar até mesmo a construção de órgãos artificiais para transplantes.
Algo importante em todo esse processo refere-se à gestão dos dados e do histórico de saúde de todos os pacientes, favorecendo seu acesso a médicos de distintas especialidades, reduzindo-se, assim, os pedidos de exame, que podem ser compartilhados, e facilitando os diagnósticos. Os próprios pacientes e seus familiares terão mais autonomia sobre as informações relativas à sua saúde. Mais do que nunca, a informação será aliada do atendimento, ações preventivas e acompanhamento dos tratamentos.
Todos esses avanços tornam-se mais viáveis no Brasil a partir da implantação do 5G, cujo leilão realizou-se com sucesso no ano passado. Com a internet mais rápida e acessível, todo o sistema de saúde poderá agregar e desenvolver novos métodos e recursos para os mais diversos procedimentos, da gestão ao atendimento de pacientes.?A transformação digital no setor é uma realidade. Segundo informações da plataforma de inovação aberta Distrito, já existem em nosso país mais de 900 healthtechs, que somaram US? 183,9 milhões em investimentos no primeiro semestre de 2021.
A Quarta Revolução Industrial promoverá um grande salto da medicina, por meio da tecnologia, que integrará médicos, pacientes, hospitais, ambulatórios e UBS num grande sistema de atendimento à população, nas áreas pública e privada. O setor de equipamentos para a saúde, que incorpora todos esses avanços, tem papel primordial no revolucionário processo.
No contexto dessa bem-vinda onda de inovação, cabe enfatizar que tudo somente faz sentido quando o foco é melhorar a qualidade do atendimento e o bem-estar das pessoas. A Saúde 4.0 terá impacto entre os médicos, todos os profissionais do setor, SUS, convênios, seguros e instituições que atuam na área. Os maiores beneficiários, porém, deverão ser, necessariamente, os pacientes e suas famílias. Afinal, a tecnologia deve ser sempre direcionada à valorização da vida.
*Fernando Silveira Filho é presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED).