Para Rafael Barbosa, CEO da Bionexo, a elevação mais expressiva em abril já era esperada por conta dos reajustes anuais nos preços dos medicamentos (de até 10,89%), segundo regulamentação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). “Este reajuste proposto pela CMED segue a sequência de 2021, com dois anos subsequentes acima de 10%, algo sem precedentes na série histórica. No entanto, a variação observada pelo IPM-H indica que este percentual de 2022 não foi inteiramente incorporado nos preços praticados, o que é uma boa notícia para o consumidor de produtos e serviços em saúde. Seguramente o arrefecimento da pandemia possibilitou cenários mais previsíveis e coesos de demanda e oferta, logo maior estabilidade nos preços”, avalia o executivo.
A variação positiva do índice em abril foi impactada pelos grupos de aparelho geniturinário (+15,80%); sangue e órgãos hematopoiéticos (+9,57%); agentes antineoplásicos (+8,97%), sistema musculoesquelético (+4,86%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+3,19%); aparelho respiratório (+3,18%); órgãos sensitivos (+2,91%); anti-infecciosos gerais (+2,85%), preparados hormonais (+1,98%); e aparelho cardiovascular (+1,45%). Em contraponto, foram registradas quedas nos preços de medicamentos em apenas dois grupos: sistema nervoso (-9,91%) e aparelho digestivo e metabolismo (-3,33%).
No acumulado de 2022 (janeiro a abril), o IPM-H registra uma alta de 5,42% - resultado que supera a variação acumulada pelo IPCA/IBGE (+4,29%) e pela taxa de câmbio nesse horizonte (-15,81%). Por outro lado, o índice calculado pela Fipe com base em transações na plataforma Bionexo apresentou um comportamento inferior ao do IGP-M/FGV no período (+6,98%).
Já nos últimos 12 meses, encerrados em abril de 2022, o IPM-H acumula uma queda de 1,72%, divergindo do comportamento dos índices de preço da economia doméstica no período, notadamente o IPCA/IBGE (+12,13%) e o IGP-M/FGV (+14,66%). A queda do índice é impulsionada nesse horizonte pelos recuos nos preços de medicamentos dos grupos: aparelho cardiovascular (-20,73%); aparelho digestivo e metabolismo (-19,87%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-18,57%); sistema musculoesquelético (-8,32%) e sistema nervoso (-6,35%). Em contraste, foram registrados aumentos nos preços de medicamentos atuantes sobre: aparelho geniturinário (+19,36%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+13,43%), sangue e órgãos hematopoiéticos (+13,37%), aparelho respiratório (+10,56%), preparados hormonais (+10,01%), órgãos sensitivos (+9,48%) e agentes antineoplásicos (+1,14%).
É importante salientar que o comportamento do IPM-H nos últimos 12 meses (-1,72%) reflete uma importante acomodação dos preços de medicamentos que apresentaram forte elevação durante os períodos mais críticos da pandemia da Covid-19, a exemplo de drogas atuantes sobre o sistema nervoso, sistema musculoesquelético, aparelho digestivo e metabolismo. Por outro lado, outros grupos de medicamentos cuja demanda pode ter sido represada durante a pandemia -- como aqueles atuantes sobre aparelho geniturinário, preparados hormonais e órgãos sensitivos -- têm se destacado pela valorização recente.