A Qualicorp, maior administradora de planos de saúde por adesão do país, prevê reajustes entre 19% e 20% nos contratos com vencimento na metade do ano, período de aniversário da maior parte dos convênios médicos ofertada pela companhia. O percentual é o dobro da inflação (IPCA) apurada no ano passado.
Esse patamar de reajuste pode levar a uma nova onda de cancelamentos de planos de saúde no segundo semestre. Nos três primeiros meses do ano, quando o aumento nas mensalidades dos convênios médicos variou de 12% a 15%, a Quali registrou 131,2 mil cancelamentos, um volume maior do que os 115,2 mil novos contratos. Com isso, a carteira da companhia encerrou o trimestre com uma perda de 16 mil usuários.
Diante desse cenário, as ações da companhia fecharam o pregão de ontem com queda de 13,30%.
A estimativa do mercado é que os planos individuais, que são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tenham um aumento na casa dos 16%. Já na modalidade empresarial, as operadoras vêm pedindo reajustes de até 30%. No segmento corporativo, há livre negociação e os percentuais efetivamente praticados variam conforme a empresa.
Segundo Elton Carluci, vice-presidente comercial, estratégia, inovação e novos negócio da Qualicorp, o reajuste na casa dos 20% é semelhante ao que vem sendo adotado em planos de saúde PME (pequenas e médias empresas), categoria que concorre com os convênios médicos por adesão.
“O nosso maior desafio é o ambiente macroeconômico. Criamos uma série de ações e estamos sendo mais flexíveis com clientes que já ficaram inadimplentes e querem retomar o plano”, disse o executivo da Qualicorp, que realizou ontem teleconferência para analistas e investidores.
A empresa registrou, no primeiro trimestre deste ano, um lucro líquido de R$ 74 milhões, uma queda de 35,3% sobre o mesmo período de 2021.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 252,8 milhões, o que representa uma redução de 9,2%. A margem do respectivo indicador caiu 2,88 pontos percentuais para 50,3% no período. A receita líquida recuou 4% ficando em R$ 502,2 milhões nos três primeiros meses do ano.
A Quali anunciou que seu conselho de administração aprovou a captação de até R$ 1,7 bilhão em dívida de longo prazo para alongamento de passivos de curto prazo. Esse financiamento deve ser concluído no segundo trimestre.