A pandemia da Covid-19 alterou a lógica de todos os setores da sociedade. Porém, indiscutivelmente, a área mais afetada acabou sendo o segmento da saúde. Após dois anos com diversas transformações e avanços trazidos como consequência da nova doença, que felizmente já dá sinais de um controle maior, a expectativa é de que o ano de 2022 seja marcado por ainda mais consolidações e avanços ao setor.
A partir deste contexto de pandemia arrefecendo e com a vida voltando a sua normalidade, listei cinco tendências que devem ser observadas na área da saúde neste ano, que esperamos chamar de “primeiro pós-pandêmico”. Confira:
1. Atendimento remoto
Com a necessidade de permanecermos em casa pelo distanciamento social, a sociedade se viu na necessidade de buscar alternativas para realizar atividades cotidianas de forma remota. Nesse sentido, a telemedicina ganhou um enorme espaço no setor ao permitir que consultas e tratamentos pudessem continuar acontecendo mesmo sem que o médico esteja presencialmente com o paciente.
Segura, confortável e eficiente, a consulta remota não deve deixar o radar do setor, mesmo com a possibilidade do encontro presencial voltando a ser viável. Amparada por um entorno cada vez mais digital e conectado, a telemedicina se aproveitou do contexto pandêmico para se transformar de um futuro idealizado para uma realidade palpável e efetiva.
Junto com outros progressos tecnológicos previstos para esse ano, como a implementação do 5G, o desenvolvimento da Internet das Coisas, ou até mesmo o surgimento de novas plataformas, o atendimento remoto será uma tendência que deve se fortalecer ainda mais nos próximos anos. Vale ressaltar ainda a sua importância social ao garantir ainda um avanço democrático da saúde no país ao possibilitar que pacientes e médicos fora dos grandes centros possam usufruir deste meio.
2. Interoperabilidade em nuvem
Outra tendência forte estritamente ligada aos atuais avanços tecnológicos é a possibilidade de armazenar as informações coletadas dos pacientes em plataformas nativas em nuvem. Com o uso desse tipo de sistema sendo introduzido no setor, abre a possibilidade da interoperabilidade de dados clínicos dos pacientes, ajudando o médico que está prestando o atendimento a fazê-lo de uma forma mais eficiente, humanizada e assertiva, já que ele terá disponível todo prontuário médico da pessoa mesmo numa primeira consulta.
Além da sua importância clínica, essa tendência pelas plataformas em nuvem simboliza ainda uma economia importante para hospitais e clínicas da área médica que não precisarão mais contar com servidores e banco de dados locais, que geralmente apresentam um custo alto e demandam manutenção constante de um profissional da área de TI. Isso sem contar na questão de segurança, já que esse tipo de armazenamento diminui consideravelmente as chances de roubos e vazamento de informações confidenciais.
3. Inteligência artificial cada vez mais presente
Já que a tendência mostra que os dados passaram a ser melhor armazenados e organizados, surge também a possibilidade de usá-los em favor do setor. Nesse sentido, a inteligência artificial aparece como uma ferramenta fundamental para a área médica neste e nos próximos anos. Dentre os benefícios conquistados por meio do uso da IA estão a possibilidade de novos estudos e pesquisas, principalmente envolvendo descobertas genéticas e biológicas, para identificar alvos potenciais de determinadas doenças, o aprimoramento de tratamentos e, principalmente, na detecção de diagnósticos.
A análise preditiva, aliás, passará a ter nessa nova tecnologia uma aliada fundamental em sua função. Isso porque a ferramenta traz consigo a possibilidade de antecipar riscos e doenças – através da identificação de padrões e dados históricos -, fazendo com que os profissionais de saúde identifiquem um problema da forma mais rápida, às vezes até antes mesmo da sua manifestação.
4. Saúde Mental
Aparecendo quase como consequência direta desses dois últimos anos em que vivemos mais restritos espacialmente em casa, o grande número de casos relacionados a problemas de saúde mental pode ser apontado como outra tendência da área médica para este ano. Para se ter uma ideia do tamanho do “estrago” criado pela pandemia, uma pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, apontou que mais da metade dos brasileiros entrevistados declararam que a saúde emocional e mental piorou desde o início da pandemia.
Por conta desse contexto, os tratamentos e tecnologias especializadas nesse tipo de tratamento devem ganhar um destaque ainda mais especial nos próximos meses. Vale pontuar ainda que a disponibilidade de terapias e atendimentos especializados realizados à distância abriram um novo caminho na tentativa de mudar esse cenário, criando inclusive um contexto em que mais pessoas ficam antenadas e passam a procurar tratamento para resolver o problema.
5. Medicina robótica, o uso de robôs para auxiliar nas cirurgias
Como última tendência, ressalto uma das áreas que mais apresenta inovação e vem ganhando espaço dentro do setor médico: a robótica. Auxiliares de extrema importância, principalmente na realização de cirurgias das mais complexas, a ferramenta vem ganhando cada vez mais adeptos e espaço entre os profissionais da saúde. A maior prova disso veio no começo do ano, quando o Conselho Federal de Medicina regulamentou a cirurgia robótica no território nacional.
Com um crescimento estimado em 30% ao ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (SOBRACIL), o procedimento garante uma abordagem menos invasiva e consideravelmente mais precisa em comparação a outras técnicas. Dessa forma, a expectativa não só é que este tipo de cirurgia ganhe mais espaço no Brasil, mas também que o próprio avanço nesse tipo de tecnologia traga novas melhorias para o setor nos próximos meses.
*Marcus Vinícius Gimenes é CEO da cuidar.me.