As operadoras de planos de saúde estão investindo mais na verticalização dos serviços nos últimos anos, por meio de aquisições de planos menores, hospitais, clínicas e laboratórios. Segundo estudo realizado pela Redirection International, empresa especializada em Fusões & Aquisições, esta estratégia tem trazido bons resultados para as empresas verticalizadas, que tiveram aumento de 104% na receita líquida nos últimos três anos, passando de R$ 6,4 bilhões em 2018, para R$ 13,2 bilhões no ano passado.
“De um modo geral os planos de saúde estão com dificuldades para manter o modelo ‘Fee for Service’ e, como estratégia, estão readequando seus formatos de contratos e adquirindo operadoras menores, hospitais e centros de diagnósticos, centralizando todo o atendimento”, explica o economista Gabriel Loest, sócio da Redirection.
De acordo com o economista, as transações de Fusões & Aquisições (M&A) no mercado de saúde vêm crescendo de forma significativa, motivadas principalmente pela expansão geográfica, ampliação de portfólios de serviços e pacientes, integração de novas tecnologias, obter ganhos de escala ou, simplesmente, para aumentar a competividade. “Grandes players têm se capitalizado para buscar oportunidades em um setor que ainda conta com muitas empresas familiares, com modelos de gestão pouco eficientes e com desempenho econômico com potencial de crescimento”, destaca Gabriel Loest.
Como exemplo, Gabriel Loest cita grupos como Rede D’Or, Hapvida, NotreDame Intermédica, Dasa e Fleury, que têm impulsionado os investimentos no setor. “A Rede D’Or sozinha realizou 10 aquisições apenas em 2021. O Sudeste e Sul continuam como as principais regiões dessas transações, no entanto com as ondas de consolidação, surgem novos alvos, como o Nordeste, que tem apresentado diversas companhias sendo alvo de aquisições nos últimos anos”.
M&A no setor deve continuar em alta nos próximos anos
De acordo com o levantamento feito pela Redirection, as transações de M&A no setor privado de saúde devem se manter em crescimento nos próximos anos, principalmente devido ao envelhecimento da população, que deve aumentar o consumo de serviços de saúde. “Apesar do Brasil ter mantido uma taxa consistente de beneficiários de planos de saúde nos últimos anos, atualmente apenas 25% da população tem um convênio médico. Há gargalos profundos no setor, como pacientes desassistidos ou mal assistidos, déficit de leitos disponíveis em hospitais e estruturas de negócio mal planejadas, por exemplo”, afirma Gabriel Loest.
Além disso, o estudo aponta ainda para alta fragmentação do mercado privado de saúde, que atualmente conta com mais de 700 operadoras de planos de saúde, 6 mil hospitais, 24 mil laboratórios e clínicas de medicina diagnóstica, o que gera oportunidades para as transações de M&A no setor.