Há 30 anos no mercado, a operadora de planos de saúde da Porto Seguro nunca foi prioridade para a companhia, que acaba de mudar seu nome para Porto. O foco sempre foi o negócio de seguro para automóveis. Mas, agora, com uma reestruturação que dividiu o grupo em três áreas (seguros, saúde e finanças) a meta é que sua carteira de convênio médico salte dos atuais 350 mil usuários para 1 milhão até 2025.
A Porto conta ainda com 650 mil clientes de planos odontológicos e faz a gestão da saúde de cerca de 200 mil trabalhadores. Essa divisão de negócios apurou, no ano passado, receita de R$ 2,3 bilhões, uma fatia que representa cerca de 10% do faturamento total da companhia.
“Temos uma marca muito reconhecida, mas muitos não sabem que temos um produto de saúde. Acredito que é factível aumentar nossa participação de mercado, que hoje é de 0,6% para 2%, cerca de 1 milhão de usuários em dois ou três anos” disse Sami Foguel, CEO da Porto Saúde, que assumiu o cargo em junho do ano passado.
Anteriormente, Foguel presidiu a rede de medicina diagnóstica Alliar, que dois meses após sua saída passou a ser alvo de aquisição do empresário Nelson Tanure (que se tornou controlador neste mês) e da operadora de telefonia TIM.
Sua estratégia para atingir essa meta é comercializar o seguro saúde da Porto para pequenas e médias empresas. Esse é o público que mais cresce no mercado de planos de saúde e tem atraído grande interesse das demais operadoras e seguradoras. Foguel concorda que existe essa concorrência, mas enxerga como vantagem a expertise com o cliente pessoa física e o relacionamento com 35 mil corretores que hoje vendem basicamente o seguro para automóveis.
“A venda de plano de saúde para PMEs é feita por corretores, diferente das grandes companhias, que negociam por meio de consultorias. E temos um relacionamento muito próximo com os corretores, mas menos de 10% deles vendem o seguro saúde. Queremos dobrar essa fatia”, disse Foguel.
Hoje, a Porto Saúde está presente no Estado de São Paulo e na região metropolitana do Rio de Janeiro. Inicialmente, a ideia é consolidar a presença nessas regiões.
Com um tíquete médio de R$ 650, a seguradora não pretende investir em rede própria de atendimento. No passado, a Porto chegou a ter dez clínicas médicas, que foram vendidas em 2018 à DaVita, grupo americano especializado em tratamento de diálise, que também tinha uma divisão de consultórios médicos. Em fevereiro deste ano, essas unidades foram adquiridas pela rede de medicina diagnóstica Hermes Pardini.
Essa última transação envolveu apenas os imóveis, não o corpo clínico formado por cerca de 215 médicos. Boa parte desses profissionais era a mesma que atendia nas clínicas da Porto, que acaba de convidá-los para compor um corpo clínico próprio da seguradora. “É uma verticalização virtual, não teremos despesas administrativas. Ao mesmo tempo, conseguimos fazer gestão de saúde dos pacientes, que não pagam co-participação ao serem atendidos por esses médicos de 27 especialidades”, disse Foguel.