Em termos nominais, esses 5,8% equivaleram a R$ 427,8 bilhões em 2019, montante que saiu do bolso das famílias brasileiras ou do orçamento de ONGs e igrejas em 2019 para arcar com medicamentos, aparelhos, planos de saúde e outros serviços.
A informação é da pesquisa Conta-Satélite de Saúde 2010-2019 do IBGE, feita a partir das bases do próprio instituto, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em contrapartida, o Brasil tem o segundo menor gasto público em saúde em percentual do PIB da lista da OCDE. Ao despender somente 3,8% do PIB em saúde, o governo brasileiro só supera o governo do México (2,7%), ficando atrás de todos os europeus e mesmo de vizinhos como Colômbia (6,0%) e Chile (5,7%). Na lista, o país com a maior despesa relativa de governo em saúde é a Alemanha, 9,9% do PIB, seguida de França e Suíça, ambas com 9,3%.
Esse gasto em saúde alto do lado privado e baixo do lado público permite ao Brasil, no agregado, melhorar de posição na comparação. Somados ambas as origens de despesas, o país despendeu 9,6% do PIB com saúde ou R$ 711,4 bilhões em 2019, um gasto acima da média de 8,8% da OCDE naquele ano.
Outro indicador acompanhado é a despesa per capita com saúde, que coloca o tamanho populacional em perspectiva ao indicar quanto cada país gasta em saúde por habitante. Em 2019, a despesa per capita com o consumo de bens e serviços de saúde de famílias e instituições sem fins de lucro alcançou R$ 2.035, enquanto as despesas de consumo per capita do governo foram de R$ 1.349.
Na comparação com as outras nações, o Brasil também vai mal e surge na 9ª colocação de uma lista com 11 países, agora liderada pelos Estados Unidos. A análise da despesa per capita utiliza a paridade de poder de compra para comparar a capacidade de consumo de produtos de saúde dos brasileiros relativamente a de outros países. A conclusão é que, as despesas per capita brasileiras com saúde, uma vez pareadas, são maiores do que a de países latino-americanos como Colômbia e México, mas 2,9 vezes menores do que a média da OCDE.
Despesa com saúde no Brasil avança a 9,6% do PIB em 10 anos
Nos dez anos entre 2010 e 2019, o consumo final de bens e serviços de saúde, em percentual do PIB, avançou de 8% para 9,6%, informou IBGE. No último ano analisado, 2019, esse consumo atingiu o valor nominal de R$ 711,4 bilhões. Essa alta, aponta o IBGE, é puxada pelo gasto das famílias com saúde privada.
Do total despendido em 2019, R$ 283,6 bilhões (3,8% do PIB) foram despesas de consumo do governo. Outros R$ 427,8 bilhões (5,8% do PIB) foram despesas de famílias e instituições sem fins de lucro a serviços das famílias (ISFLSF), como ONGs e igrejas.
Os dados constam do relatório Conta-Satélite de Saúde 2010-2019, organizado pelo IBGE a partir de dados compilados pelo próprio instituto, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em 2010, a participação do consumo do governo era de 3,6% e ficou próximo da estabilidade no período analisado, atingindo um pico de 4% do PIB em 2016. Já a parcela das famílias e instituições sem fins lucrativos era de 4,4% em 2010 e cresceu 1,4 ponto percentual em 2019, sustentando, portanto, o aumento do gasto geral. Essa parcela privada do consumo cresceu continuamente desde 2012.
Esse avanço no consumo total das famílias em saúde como parcela do PIB, revela o IBGE, é quase totalmente sustentado pelo aumento dos gastos com serviços de saúde privada. Isso inclui planos de saúde e atendimento em clínicas e hospitais. Especificamente esses gastos saltaram de 2,5% do PIB em 2010 (R$ 97,8 bilhões) para 3,8% em 2019 (R$ 282,6 bilhões). Esta foi, de longe, a maior variação no período entre os produtos de saúde e setores institucionais (famílias, governo e ISFLSF) analisados.
A segunda maior variação é a dos gastos do governo com saúde pública, que saltaram de 2,7% (R$ 105,6 bilhões) para 3,1% do PIB (R$ 225,8 bilhões) no mesmo período. O consumo de outros produtos em relação ao PIB se manteve próximos da estabilidade ao longo do período. É o caso dos medicamentos para uso humano consumidos pelas famílias (1,7% do PIB) e pelo governo (0,2% do PIB) em 2019.
Sobre os gastos das famílias com saúde, o IBGE informa que os serviços de saúde privada representaram 67,5% do total em 2019 (R$ 282,6 bilhões). Nessas despesas estão incluídos, integralmente, os valores pagos a planos de saúde, inclusive pelos empregadores. Já os gastos com medicamentos corresponderam a 29,3% das despesas com saúde das famílias naquele ano (R$ 122,7 bilhões).