A corrida para atender o grande volume de exames epidemiológicos durante o auge dos casos de covid-19 deixou uma herança duradoura para os laboratórios de análises clínicas com a retomada da normalidade com a redução de casos. A crise sanitária colocou em evidência os gargalos do sistema de saúde e orientou as estratégias das redes de medicina diagnóstica para melhorar a experiência dos pacientes, facilitando o atendimento remoto e a comunicação por meio de canais digitais.
A rede de saúde integrada Dasa, com 900 unidades no país, retomou exames preventivos e viu crescer a procura por exames de imagem, como ressonância de crânio, ressonância cardíaca e ecocardiograma para acompanhamento de pacientes que tiveram sequelas da síndrome longa da covid-19, aponta Roberto Cury, diretor médico de diagnósticos Latam na Dasa.
Investimentos em canais digitais trouxeram maior sinergia com os hospitais e permitiram ampliar a oferta da telemedicina. “Identificamos um aumento de 226% em telemedicina no primeiro bimestre em comparação ao mesmo período de 2021”, complementa Danilo Zimmermann, diretor geral de tecnologia e transformação digital da Dasa.
Outra prioridade foram as ferramentas de cuidado integrado, como a plataforma digital Nav, voltada para médicos e pacientes, que ganhou novas funções para a identificação do cuidado adequado em cada situação. “Com um clique os pacientes acessam os exames realizados, acompanham sua evolução clínica, recebem recomendações de cuidados conforme seu perfil e fazem agendamentos ou consultas por telemedicina com dezenas de médicos especialistas”, diz Zimmermann.
Para melhorar a experiência do paciente, o grupo investiu no núcleo de operações e controle (NOC), uma central de comando que mede indicadores de qualidade médica e dos laudos, satisfação no atendimento, faltas, atrasos em agendas ou na realização e entrega de resultado dos exames. “Com isso reduzimos em 15% o não comparecimento de pacientes em exames de imagem agendados pela internet”, afirma Zimmermann.
A expansão do atendimento domiciliar e móvel norteou os investimentos do grupo Fleury, representando 7,4% da receita total anual, afirma Edgar Gil Rizzatti, diretor executivo médico e técnico de negócios B2B do grupo, que conta com 280 unidades no país
Entre as iniciativas do período, Rizzatti destaca investimentos na “porta de entrada” da rede como o “drive-thru”, check-in digital e serviços de telemedicina, permitindo que os médicos atendessem os pacientes apesar do distanciamento social. “O volume de consultas médicas realizadas cresceu 68% comparado ao quarto trimestre de 2020 com a realização de 915 mil teleconsultas”, afirma Rizzatti. Para apoiar a estratégia lançou a Saúde iD, de serviços digitais baseada na ciência de dados para a gestão da saúde dos pacientes.
O grupo Sabin, com 318 unidades de atendimento em 68 cidades, diversificou os negócios e investiu na modernização da rede. “Adquirimos 100% da Amparo Saúde, rede privada de centros de atenção primária à saúde e passamos a atender novos hospitais em outras regiões”, afirma Rafael Jácomo, diretor técnico do grupo Sabin Medicina Diagnóstica. Nesse período, o grupo ampliou o parque de equipamentos de diagnóstico por imagem e de biologia molecular no núcleo técnico operacional, em Brasília. Em 2021, lançou o aplicativo Rita Saúde reunindo serviços que facilitam o acesso dos pacientes a consultas, exames e ao centro de telemedicina.
A prioridade do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC) foi garantir a continuidade dos cuidados àqueles que não poderiam se deslocar com o lançamento do programa HAOC em Casa para consultas e exames cardiológicos como holter, looper, mapa e eletrocardiograma em domicílio. Para tratamento de arritmias cardíacas complexas, a instituição investiu no Carto 3 versão 7, equipamento capaz de mapear focos de arritmias no coração, permitindo o acompanhamento remoto do paciente por meio de um aplicativo móvel.
“Neste ano planejamos a compra de equipamentos de grande porte para medicina nuclear como um novo Spect Computed Tomography e a ampliação da endoscopia intervencionista, além de reestruturar o espaço de exames de imagem no pronto atendimento para dar mais agilidade ao diagnóstico na emergência”, afirma Antônio da Silva Bastos Neto, diretor-executivo médico do Oswaldo Cruz.
A realização dos exames, e os tratamentos retomaram o ritmo pré-pandêmico. “Os números do primeiro trimestre deste ano são animadores: realizamos 75,2 mil exames que representam crescimento de 20% em comparação com o mesmo período ano passado quando estávamos no começo da segunda onda”, diz Bastos Neto.