A partir da próxima segunda-feira, 4, o Ministério da Saúde começa a campanha de vacinação contra a gripe. Alguns estados e prefeituras já iniciaram a aplicação, como é o caso de São Paulo, onde é feita desde o último domingo, 27. E o mercado privado, que tradicionalmente inicia sua campanha antes da etapa pública, não conseguiu adiantar a entrega de imunizantes junto à indústria e ainda teme uma falta de vacinas.
Em entrevista exclusiva à EXAME, o presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacina relata os desafios do mercado privado com a vacinação em 2022
A partir da próxima segunda-feira, 4, o Ministério da Saúde começa a campanha de vacinação contra a gripe. Alguns estados e prefeituras já iniciaram a aplicação, como é o caso de São Paulo, onde é feita desde o último domingo, 27. E o mercado privado, que tradicionalmente inicia sua campanha antes da etapa pública, não conseguiu adiantar a entrega de imunizantes junto à indústria e ainda teme uma falta de vacinas.
Um dos principais problemas é a logística. Diferentemente da vacina comprada pelo Ministério da Saúde, que vem do Instituto Butantan em São Paulo, o mercado privado busca fora do país. A pandemia de covid-19 levou a uma redução dos voos comerciais em todo o mundo, e, com isso, há menos espaço disponível para o transporte nos porões dos aviões.
Além disso, as clínicas foram pegas de surpresa com a decisão do governo federal em retirar do grupo prioritário as crianças de 5 anos. A justificativa do Ministério da Saúde é que haverá uma campanha contra o sarampo ocorrendo simultaneamente com a da influenza e a aplicação ficaria facilitada.
Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC), diz que foram pegos de surpresa com a medida. “Não tinha nem este cenário de rever o esquema vacinal de pessoas que eram contempladas na campanha pública. Tínhamos até uma expectativa de que fosse ampliada porque em 2021 a cobertura foi muito baixa e tivemos sobra de imunizantes”, disse ele em entrevista exclusiva à EXAME.
Ainda de acordo com o presidente da entidade, o mercado privado não tem como responder a esta demanda extra. Em 2021, as clínicas privadas aplicaram 8,5 milhões de doses, e esperavam ter disponíveis 10 milhões em 2022. Mas a projeção para este ano deve ficar em 8 milhões, se tudo ocorrer como o esperado.
A meta do governo federal é aplicar vacina em 76,5 milhõe de doses em idosos acima de 60 anos, trabalhadores da saúde, crianças entre 6 meses e menores de cinco anos, professores, forças de segurança, trabalhadores dos transportes, pessoas com comorbidades, entre outros grupos.
Confira os principais trechos da entrevista que Geraldo Barbosa concedeu à EXAME.
Como está a preparação do mercado privado para a vacinação contra a influenza?
Teremos dificuldade em atender o mercado privado de maneira regular. O acesso ao produto este ano está limitado, então vamos ter concentração de vacina em alguns centros e vamos ter dificuldade em lugares mais afastados. Outra questão é o escalonamento na entrega. Talvez a gente tenha a vacina, mas ela chegue no timing diferente da necessidade. O imunizante contra a gripe tem um momento ideal para ser aplicado. Além disso, algo que nos chamou a atenção é que o governo tirou, de uma outra pra outra, as crianças de 5 anos do público prioritário da campanha no Sistema Único de Saúde. É um público que não foi projetado pelo mercado privado.