Com seis meses de atraso em relação às primeiras previsões, as obras da nova fábrica de vacina contra covid-19 do Instituto Butantan, em São Paulo, foram concluídas. A expectativa agora é que a unidade comece efetivamente a fase de produção em escala somente no ano que vem.
A previsão inicial era que as obras ficassem prontas em setembro, o prazo foi revisto para fim de 2021, e só agora estão sendo entregues.
A finalização da construção da planta, que tem 11 mil metros quadrados, foi marcada por uma breve cerimônia da qual participaram o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente do Butantan, Dimas Covas, e outras autoridades de saúde.
O Centro de Produção Multipropósito de Vacinas — nome formal da nova fábrica — terá capacidade de produzir 100 milhões de doses por ano, não apenas da vacina anti-covid, a Coronavac, elaborada pelo Butantan em parceria com laboratório chinês Sinovac, mas também de vacinas contra raiva, zica e apetite.
O empreendimento, cujo investimento total chegou a R$ 189 milhões, foi custeado por doações de 75 empresas privadas. A Comunitas, entidade que atua no terceiro setor, foi a principal articuladora das doações.
Concluída a fase de engenharia da fábrica, os equipamentos e máquinas que serão usados nas linhas de produção das vacinas passarão nos próximos meses por testes e ajustes.
Segundo Dimas Covas, a fabricação das primeiras vacinas em fase piloto deve acontecer ainda este ano.
Mas a fabricação em grande escala é algo esperado para 2023, disse Covas, após a conclusão do processo de certificação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Covas esteve ao lado de Doria nas instalações da nova fábrica nesta sexta-feira, quando falaram a jornalistas sobre o empreendimento.
A Coronavac foi a primeira vacina anticovid usada no Brasil. O Butantan forneceu ao Ministério da Saúde 100 milhões de doses do imunizante em 2021.
Este ano, a Anvisa autorizou o uso da Coronavac em crianças a partir dos 6 anos.
Com o início da produção no Brasil, o Butantan reduzirá sua dependência da Sinovac para fabricação das vacinas.
Em 2021, houve uma primeira fase de transferência de tecnologia chinesa para o Butantan. Agora, com as obras da fábrica concluídas, uma missão chinesa deverá ser recebida em abril pelos técnicos do Butantan para planejar os próximos passos da transferência de tecnologia para a fabricação da Coronavac em São Paulo.