Telemedicina complementa e expande acesso à saúde, mas não substitui consultório
22/03/2022

A telemedicina começou a ser usada no mundo na década de 1960 e deu passos lentos, mas se tornou mais presente durante a pandemia de covid-19, que estimulou pacientes e médicos a se conectarem sem a necessidade de deslocamentos em um período de distanciamento social e hospitais cheios. 
 

Segundo especialistas que participaram da Live do Valor, a prática veio para ficar e tem potencial para ampliar o acesso à saúde, principalmente em lugares mais distantes dos grandes centros urbanos, mas não substitui a necessidade de consultas presenciais e precisa ser regulamentada para proteger os cidadãos. 
 

Na Live do Valor, o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), presidente da Frente Parlamentar Mista de Medicina, comentou que está trabalhando em lei para regulamentar a atividade no pós-pandemia. 

Ele afirmou que a telemedicina e seus recursos são bem-vindos, mas que é preciso regular as atividades para não expor os pacientes a profissionais desautorizados ou descomprometidos, além de dar suporte aos médicos. Ele diz que há ofertas de consultas por internet por valores muito baixos e que isso prejudica médicos sérios. 

“Durante a pandemia, nós aprovamos de maneira muito urgente a lei 13.989, ainda frágil e que não estabelece princípios fundamentais que nós estamos aperfeiçoando numa nova lei planejada para vigorar no final da pandemia”, comentou o deputado. 

Ele disse que trabalha em um marco legal para a área, mas alertou que o Congresso pode não acelerar no tema da maneira desejada, principalmente porque 2022 é um ano de eleição e outras pautas podem se sobrepor. 

Já o professor Chao Lung Weng, chefe da disciplina de telemedicina na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), explicou que a telemedicina é mais do que consultas por videoconferências e que pode ajudar a democratizar serviços de saúde.

“Todo mundo acha que telemedicina é só teleassistência, mas ela trabalha com quatro áreas. Uma é a teleassistência, a segunda é a tele-educação interativa, a terceira é a promoção de saúde e prevenção de doenças e a quarta é a teleciência”, disse. 

Ele explicou durante a Live do Valor que a prática envolve desde a consulta até a possibilidade de que exames fiquem digitalmente à disposição dos pacientes para serem incorporados aos seus históricos. 

Jihan Goghbi, presidente da ABCIS, associação que advoga pelo uso da tecnologia na área de saúde, e fundadora da empresa Dr. TIS, que oferece soluções tecnológicas para médicos e hospitais, agregou defendendo a telemedicina e argumentando que a evolução do mercado não deve ser travada por causa de exemplos ruins. 

“É importante proteger eticamente tanto o médico quanto o paciente. O que a gente não pode fazer é travar o processo pelos problemas. A gente tem que punir as pessoas que fazem coisa errada, mas não tirar essa ferramenta”, disse. 

Os três especialistas concordam que os recursos da telemedicina são vantajosos, mas recomendaram que não substituem inteiramente procedimentos médicos e consultas presenciais. 
 

Fonte: Valor




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